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2006-09-06
Muita gente confunde queimadas com incêndios florestais. Mas são dois incidentes diferentes. Queimada é quando um fazendeiro usa o fogo para limpar o terreno, renovando o pasto ou a terra para o plantio. Já um incêndio florestal é o fogo que destrói uma floresta. Muitas vezes, as queimadas saem do controle e invadem áreas de floresta vizinhas, dando origem a incêndios florestais.

De acordo com Ronaldo Viana Soares, professor do Departamento de Engenharia Florestal da Universidade Federal do Paraná (UFPR), o incêndio florestal se propaga de maneira descontrolada. "Normalmente ocorre com freqüência e intensidade nos períodos de estiagem", diz. "Ele está diretamente relacionado com a redução da umidade ambiental." Já a queimada controlada é realizada com o objetivo específico de manejo de solo ou pastagem ou na preparação do terreno para reflorestamento.

As queimadas são permitidas em algumas circunstâncias. "Do ponto de vista da lei, é legal realizar a queimada em uma determinada região, desde que solicitada aos órgãos de meio ambiente e dentro de alguns critérios para que não se perca o controle do fogo", explica Heloiso Bueno Figueiredo, chefe do Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo). A autorização da queima controlada pode ser obtida junto ao IBAMA, ou órgãos autorizados por ele.

O homem é o fator principal
Os incêndios podem se iniciar de forma espontânea. Mas a maior parte dos casos são mesmo provocados por alguém, por acidente ou de propósito. Estima-se que 93% das ocorrências são causadas pelo homem, devido à perda do controle das queimadas para "limpeza" do solo, descuido com pequenas fogueiras feitas em acampamentos e fagulhas de máquinas, entre outros. Grande parte dos incêndios florestais são criados de propósito, por fazendeiros ou donos de terra, que querem destruir a floresta em seu terreno. Fazem isso para que a mata não se regenere e o solo possa ser usado para outros fins.

Boa parte dos assentamentos promovidos pelo Incra são feitos em áreas cobertas por florestas. O processo natural dos agricultores, sem assessoria técnica, é simplesmente cortar a madeira que tem algum valor e botar fogo no resto da floresta. O processo de ocupação por meio de projetos de assentamentos agrícolas facilitou a penetração da população em áreas rurais. "O próprio INCRA foi um dos incentivadores", diz Figueiredo. Começou, então, segundo ele, a haver um adensamento populacional que fragilizava as regiões florestais, diminuindo a umidade dessas áreas. Com o "enfraquecimento" das florestas, a possibilidade de ocorrência de incêndios florestais aumentou. De acordo com Figueiredo, as organizações governamentais não davam condições mínimas para a população desenvolver uma agricultura que dispensasse o uso do fogo e fosse ecologicamente compatível com o local dos assentamentos.

"É preciso combater o uso do fogo ou fazê-lo de forma controlada para contornar esse problema", afirma Heloiso Bueno Figueiredo. "Além de técnicas alternativas para as queimadas, precisamos que o governo invista na área para que a população tenha acesso às informações e altere essa cultura de queimadas". Para o professor Ronaldo Viana Soares, a educação ambiental realizada através de campanhas é a melhor saída para conscientizar a população dos riscos que as intervenções humanas podem causar ao ambiente.

Causas
- ataque proposital à floresta, feito por fazendeiros que pretendem impedir a regeneração natural de um trecho de mata em sua propriedade;
- imprudência e descuido de caçadores, mateiros ou pescadores, com a propagação de pequenas fogueiras, feitas em acampamentos;
- fagulhas provenientes de locomotivas ou de outras máquinas automotoras, consumidoras de carvão ou lenha;
- perda de controle de queimadas, realizadas para "limpeza" de campos;
- incendiários e/ou piromaníacos;
- causas naturais, como raios, concentração de raios solares por pedaços de quartzo ou cacos de vidros em forma de lente;
Conseqüências
Danos materiais: destruição das árvores, redução da fertilidade do solo e da resistência das árvores ao ataque de pragas.
- Danos ambientais: redução da biodiversidade, alterações dos biótipos, facilitação dos processos erosivos e redução da proteção dos olhos d´água e nascentes.
- Danos humanos: mortes, desabrigados e desalojados e redução das oportunidades de trabalho relacionada ao manejo florestal.
(Por Graziela Salomão e Márcio Orsolini, Época, 04/09/2006)

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