Caracterização fitogeográfica como subsídio para a recuperação e a conservação da vegetação na Bacia do Rio Corumbataí (SP)
2006-09-06
Tipo de trabalho: Dissertação de Mestrado
Instituição: Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq/USP)
Ano: 2004
Autor: João Carlos Teixeira Mendes
Contato: jctmende@esalq.usp.br
Resumo:
A bacia hidrográfica do Rio Corumbataí é de extrema importância para o desenvolvimento sustentável da região por ser o principal manancial para o abastecimento de 8 municípios: Piracicaba, Charqueada, Rio Claro, Santa Gertrudes, Ipeúna, Itirapina, Corumbataí e Analândia. Devido à importância das florestas nativas na manutenção da qualidade e quantidade dos recursos hídricos e ao elevado índice de fragmentação, tem ocorrido um acréscimo nessa região das ações que visam a recuperação e a conservação da cobertura florestal. A constatação de que grande parte dessas ações poderá ser comprometida ao longo do tempo, em função da falta de esclarecimentos sobre a complexidade florestal da região, motivou a realização da caracterização fitogeográfica nessa área. Uma etapa dessa caracterização foi realizada por meio do reconhecimento geral da cobertura florestal, utilizando-se técnicas de interpretação de imagens orbitais digitais, checagens de campo e reconhecimento aéreo. Paralelamente foi realizado um amplo levantamento bibliográfico, no qual obtiveram-se as informações necessárias para a identificação dos aspectos fisionômicos das formações florestais e a realização das análises de composição florística e similaridade (Índice de Jaccard e Coeficiente de Aglomeração). Ao todo foram identificadas 7 formações florestais pertencentes à composição fitogeográfica da bacia, sendo: Estacional Semidecidual, Estacional Semidecidual Aluvial, Estacional Semidecidual Submontana, Estacional Decidual, Floresta Paludosa, Cerradão e Cerrado. A análise geral da composição florística demonstrou a ocorrência de uma alta diversidade nesse mosaico florestal, na qual foram identificadas 487 espécies arbóreas-arbustivas pertencentes a 72 famílias e 212 gêneros. Também pôde-se verificar que do total de espécies apenas 10 espécies são generalistas, ou seja, ocorrem em todas as formações e, 163 espécies são exclusivas, ou seja, ocorrem numa formação especificamente. A análise da similaridade pelo índice de Jaccard demonstrou que as maiores semelhanças florísticas ocorrem entre as florestas Semidecidual e Semidecidual Aluvial e entre o Cerrado e o Cerradão. Os resultados do coeficiente de aglomeração demonstrou haver alta heterogeneidade florística entre as formações e que estas se organizam em 2 grandes grupos, o das Florestas Estacionais com a Floresta Paludosa e o do Cerrado com o Cerradão. Para compreender melhor a organização do mosaico florestal da Bacia do Corumbataí, realizou-se o mapeamento e o georreferenciamento dos pontos de ocorrência das formações fitogeográficas e, posteriormente, fez-se a associação destes com diferentes características ambientais da região. Com isto, identificou-se os fatores edáficos que condicionam as áreas de ocorrência de cada formação e, consequentemente, obteve-se uma visão global da distribuição geográfica das formações, concluindo que: as florestas Semidecidual, Semidecidual Aluvial e Paludosa ocorrem em toda a extensão da bacia; a floresta Semidecidual Submontana, o Cerrado e o Cerradão ocorrem com maior freqüência nas regiões leste e norte; e a floresta Estacional Decidual ocorre no sul, precisamente no município de Piracicaba. Por fim, são feitas recomendações para a recuperação e a conservação florestal na bacia que podem subsidiar futuras ações conservacionistas.