Cientistas aconselham adaptação às alterações climáticas porque Quioto não é eficaz
2006-09-06
O Protocolo de Quioto não está a conseguir travar as alterações climáticas e por isso, o mundo deve preparar-se e adaptar-se aos seus impactes, aconselharam os cientistas reunidos no maior encontro dedicado à ciência no Reino Unido. Melhorar o isolamento dos edifícios, construir defesas contra as inundações e proibir construções junto ao mar são medidas tão importantes como a redução das emissões de gases com efeito de estufa, defende Frances Cairncross, presidente da British Association for the Advancement of Science (BA) e responsável do Conselho de Investigação Económica e Social.
“Presta-se mais atenção às políticas de mitigação do que às políticas de adaptação [às alterações climáticas]”, diz Cairncross. “Precisamos pensar em políticas que nos preparem para um mundo mais quente e seco”, acrescenta, citada pelo britânico “Daily Telegraph”. “Precisamos de espaços públicos mais abrigados, uma vez que vamos ter ou mais sol ou mais chuva. Devem ser criados corredores para que plantas e animais possam migrar para Norte, para escapar ao calor”, acrescenta.
Segundo Cairncross, Quioto tem um impacte pouco significativo. A Índia e a China – representando um terço da humanidade – não assinaram o protocolo e os Estados Unidos não o ratificaram. Desenvolver um acordo global, que tenha sucesso, implica “convencer esta geração a aceitar fazer sacrifícios em prol do futuro; e convencer os países que vão beneficiar das alterações climáticas, ou perder pouco, a actuarem não pelos seus netos mas pelos netos das pessoas de outras nações”. O Festival de Ciência realiza-se na Universidade de East Anglia de 2 a 9 de Setembro.
(Ecosfera, 04/09/2006)
http://ecosfera.publico.pt/noticias2005/noticia5551.asp