Criada organização internacional para garantir produção responsável da soja
2006-09-06
Após dois dias de intensas discussões e negociações que envolveram cerca de 220 lideranças
dos setores produtivo, ambiental e social, durante a II Conferência do Fórum de Soja
Responsável realizada em Assunção de 31 de agosto a 1º de setembro, os participantes
anunciaram a criação de uma organização internacional para promover a soja responsável com
base em 9 princípios básicos que definem as diretrizes econômicas, sociais e ambientais de
melhores práticas. As decisões fazem parte do documento intitulado Carta de Assunção.
"Atingimos condições únicas, em um momento único, para realmente implementar um programa de
produção de soja responsável nos vários países exportadores. Acredito que, em razoável pouco
tempo, teremos resultados surpreendentes, onde a RTRS terá participação importante", diz
Carlo Lovatelli, presidente da Abiove – Associação Brasileira das Indústrias de Óleo
Vegetal.
Conforme Roberto Peiretti, presidente do Conselho Diretor da Aapresid – Associação Argentina
de Produtores de Plantio Direto, "estamos conseguindo progressos com muito esforço e
negociações, porque há muitos interesses diferentes, mas estamos construindo consenso para
obter alta produtividade, maiores benefícios sócio-econômicos em toda a cadeia produtiva e
de forma mais amigável para o meio ambiente"
"Chega de desmatameto para a agricultura", diz Leonardo Lacerda, Superintendente de
Conservação do WWF-Brasil.
A nova organização será uma pessoa jurídica da sociedade civil de caráter internacional e os
membros poderão ser pessoas físicas ou jurídicas das seguintes categorias: produtores
individuais ou associações de produtores (grandes e pequenos), indústria transformadora,
comércio, entidades financeiras, sociedade civil (inclusive ongs ambientais e sociais). Para
ser aceito na organização será exigido um compromisso público formal com o conceito de soja
responsável e demonstrar que a instituição ou indivíduo faça parte da cadeia de soja ou seja
reconhecida como parte interessada legítima. A afiliação implicará no pagamento de uma taxa
anual.
O II Fórum Global de Soja Responsável reconhece outros desenvolvimentos importantes para
melhorar o desempenho sócio-ambiental do setor de soja, tais como a adoção das boas práticas
da CAAPAS – Confederação Latino Americana de Organizações de Produtores para Agricultura
Sustentável, a lei de desmatamento zero do Paraguai, e a moratória temporária da soja no
bioma Amazônia decidida pela Abiove e Anec – Associação Nacional de Exportadores de Cereal,
com o apoio do setor consumidor de soja na Europa, bem como a assinatura do Pacto Nacional
para a Erradicação do Trabalho Escravo no Brasil. Tais exemplos reforçam a importância
histórica deste processo de dois anos que culminou com a Declaração de Assunção.
Os princípios acordados têm por objetivo combinar o aumento dos benefícios econômicos da
atividade empresarial com a minimização dos impactos ambientais e sociais, tanto em nível
local como global, e irão nortear os critérios e padrões que serão detalhados num prazo de
18 meses e aprovados formalmente em assembléia. Os custos e investimentos necessários para a
implantação dessas novas diretrizes deverão ser compartilhados por todos os setores
envolvidos.
(Por Regina Vasquez, Assessoria de imprensa do evento/Ecoagência, 05/09/2006)
http://www.ecoagencia.com.br/index.php?option=content&task=view&id=1809&Itemid=2