Nesta terça-feira (05/09), o AmbienteJÁ traz a entrevista com o candidato a governador de Santa Catarina Manoel Dias (PDT). Dias é formado em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina. Foi vereador de Içara (SC) em 1962 pelo PTB, teve o mandato cassado após o golpe de 64 e foi mantido preso por 11 meses. Ajudou a fundar o antigo MDB em Santa Catarina, sendo eleito deputado estadual pelo partido no ano seguinte. Com a publicação do AI-5, em 1969, voltou a ser cassado e teve os direitos políticos suspensos por 10 anos. Após a anistia, em 1979, mudou-se para Florianópolis a fim de recriar o PTB. Como a sigla acabou sendo registrada por outro grupo político, fundou no início da década de 1980 o PDT, com Leonel Brizola e outras lideranças. Atualmente, é secretário-geral do PDT e presidente da Fundação Leonel Brizola e Alberto Pasqualini. Na década de 1990, participou do governo de Brizola no Rio de Janeiro, presidindo o Banerj.
AmbienteJÁ: De acordo com relatório divulgado pelo Ministério Público de Santa Catarina em novembro de 2005, apenas 12,63% dos municípios catarinenses têm sistema de coleta e tratamento de esgotos. Que medidas serão tomadas para melhorar este quadro em seu governo, caso seja eleito?
Manoel Dias: O primeiro passo é viabilizar obras de infra-estrutura nesses municípios onde não existe o sistema de coleta e tratamento de esgotos. Esses dados refletem a situação de sub-desenvolvimento em quase 90% dos municípios do Estado. Uma parte das obras deverá ser feita em conjunto com as prefeituras, já que teremos ainda que buscar alternativas para as áreas de ocupação irregular, mas a questão fundamental é fazer com que o sistema chegue nesses municípios criando novas estações de coleta e tratamento de esgoto em todas as regiões.
AJ: Santa Catarina é o 4º Estado no ranking nacional de reciclagem de lixo. Que políticas seu governo pretende desenvolver para estimular essa atividade?
MD: Na verdade o maior índice de reciclagem no Estado vem das indústrias, e não da coleta individual. Acredito que temos que iniciar com a conscientização da população no sentido de separar o lixo reciclável facilitando a coleta. Com isso criaremos um projeto de coleta de lixo reciclável, sendo que o lucro derivado da coleta será aplicado em obras que beneficiem diretamente os moradores. A idéia é que cada bairro seja beneficiado com projetos na área de cultura, esporte e lazer, de acordo com a quantidade de lixo coletado. Será um estímulo para a população e um benefício para todo o Estado.
AJ: Qual será a política de seu governo em relação às Unidades de Conservação Estaduais e Federais já existentes no Estado?
MD: Vou incentivar a pesquisa para localizar as áreas que deverão ser protegidas em função das suas particularidades e importância para os ecossistemas naturais. Após o mapeamento criarei novas Unidades de Conservação Estaduais, bem como farei investimento nas existentes de modo a possibilitar a visitação pública nestas áreas de reserva, incentivando assim o turismo ecológico, gerando ainda emprego e renda para região.
AJ: O senhor pretende criar novas Unidades de Conservação em Santa Catarina? Se sim, quais?
MD: Criarei novas Unidades de Conservação após o mapeamento do Estado.
AJ: A mata de araucária, também conhecida como floresta ombrófila mista, está reduzida a 1% da cobertura original no Estado e corre risco de extinção. Que medidas seu governo tomará para proteger este bioma?
MD: Como governador, vou exigir o cumprimento da legislação, fiscalizando com veemência a exploração predatória e aplicando punições severas aos extratores ilegais. Além disso, vou incentivar o plantio de mudas dessa espécie originária na Região Sul, inclusive com projetos originários de escolas e universidades.
AJ: Qual será a política de seu governo em relação à implantação de novas usinas termelétricas e hidrelétricas?
MD:O Governo de Santa Catarina nos últimos anos investiu muito pouco em energia. Corremos o risco de enfrentar um novo apagão caso não exista um investimento forte neste setor nos próximos quatro anos. Concordo com a criação de novas usinas termelétricas e hidrelétricas desde que estejam de acordo com os requisitos legais, mas acredito que o investimento maior deverá ser feito em energias alternativas, como é o caso da energia solar e do carvão no nosso Estado.
AJ: Que ações seu governo desenvolverá pra estimular a implantação de energias alternativas?
MD: Hoje existe uma tecnologia de ponta para implementação de usinas carboníferas. Não existe nenhum risco de poluição, o Estado possui vastos recursos nessa área, e garantiremos a utilização de mão-de-obra local. À frente do Governo de Santa Catarina, vou investir na criação de novas usinas, além de incentivar também a utilização de energia solar, através de subsídios de financiamento de equipamentos.
AJ: Que ações específicas seu governo pretende desenvolver em relação à educação ambiental?
MD: A educação ambiental deve começar na escola. Para isso vou incluir no curriculum escolar essa matéria tão importante, educando o cidadão desde sua tenra idade a respeito da importância da preservação da natureza e do uso racional dos recursos naturais. Vou promover ainda campanhas de conscientização da população para enfatizar a importância em proteger a bela natureza de Santa Catarina. Vale lembrar que educar o cidadão sobre a importância da não degradação do meio ambiente é uma tarefa que se inicia com o exemplo do poder público, somente um Governo que respeite o meio ambiente em suas práticas diárias poderá educar o cidadão catarinense.
AJ: Como será a política de seu governo em relação ao setor da silvicultura?
MD: É necessário que se crie uma política séria de incentivo às empresas, principalmente da indústria de celulose e madeireira para que as mesmas promovam o reflorestamento. O importante é garantir que a matéria-prima que garante o sustento de tantas famílias continue existindo de forma farta, ampliando inclusive o crescimento da região.
AJ: A suinocultura corresponde a um dos maiores passivos ambientais no Estado. Que políticas seu governo pretende desenvolver para mitigar esse impacto?
MD: Já existe tecnologia que propicie a criação de suínos sem a degradação da natureza. O que precisamos é incentivar o produtor a utilizar essas novas tecnologias, facilitando a aquisição de equipamentos através dos bancos de fomento que pretendo criar, protegendo o produtor e impedindo o aumento de preço ao consumidor.
Amanhã, leia a entrevista com o candidato Elpídio Ribeiro Neves (PTC)
(Por Francis França, 05/09/2006)
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