Mangue é prioridade, afirma Ibama
2006-09-05
A ocupação irregular de áreas de mangues, tratada em reportagem publicada ontem pelo Estado, encontra-se entre as principais preocupações do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), segundo o coordenador da área marinha da instituição, biólogo Ricardo Castelli. "Se você fizer uma lista das três principais prioridades do Ibama, a questão dos mangues vai aparecer entre elas", disse. "São ecossistemas frágeis, berçários de espécies marinhas, que estão sob o impacto da rápida expansão da criação de camarão em cativeiro."
Castelli admitiu que existem dificuldades para uma ação efetiva de controle: "É uma tarefa árdua, pois, devido ao bom retorno, essa atividade econômica tem sido estimulada por governos estaduais. Por outro lado, existem dúvidas sobre como explorar os mangues de forma sustentável." O coordenador disse ainda que o governo federal deve concluir até o final do ano uma proposta que tentará conciliar o desenvolvimento econômico com a preservação ambiental. "Vamos procurar reduzir o impacto."
Em Natal, o diretor do Instituto de Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente do Rio Grande do Norte (Idema), o geólogo Marcos Soares da Cunha, afirmou que são exageradas as denúncias de destruição dos manguezais feitas por ambientalistas. "Desconfio dos propósitos dessas ONGs", disse. "Na verdade nós sempre estamos entre dois fogos: os ambientalistas de um lado, e os carcinicultores, que nos acusam de intransigentes, do outro."
O Idema é responsável pelo licenciamento das fazendas de criação de camarão. Segundo Cunha, nos últimos meses aumentou o licenciamento em áreas fora dos mangues, mas elas ainda não são exploradas devido a problemas conjunturais. "Em decorrência do câmbio, o negócio do camarão deixou de ser tão atrativo quanto era no passado."
Cunha também disse que o Idema definiu recentemente um plano de zoneamento ecológico-econômico para todas as áreas de estuários do Estado, o que permitirá um maior controle da carcinicultura. "Estamos agindo com transparência, regulamentando as atividades e verificando todas as denúncias que chegam até nós. Quando existe alguma denúncia, nós vamos ver e, se for procedente, embargamos a obra e encaminhamos o caso para o Ministério Público."
(Por Roldão Arruda, O Estado de S. Paulo, 04/09/2006)
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