Procurador classifica desenvolvimento sustentável como enganoso, bonito e impraticável
2006-09-05
O procurador de Justiça Sales Eurico em entrevista ao Programa Agenda da Semana, que vai ao ar todos os domingos pela da Rádio Folha AM-1020, fez uma avaliação da questão ambiental a nível regional e nacional, classificando o desenvolvimento sustentável como enganoso, bonito e impraticável.
Eurico não concorda com as notícias divulgadas por empresas multinacionais de que estas produzem de forma sustentável, preservando o meio ambiente. "Da forma que está se produzindo, futuramente vamos precisar de um ou mais dois planetas Terra, pois este não mais terá recursos naturais. No pensamento dos países capitalistas, os países do 3º mundo devem cuidar da preservação da natureza e eles do consumo", declarou.
Ele disse não acreditar na sustentabilidade e sim que futuramente vai faltar água. "Empresas estrangeiras estão comercializando água do Amazonas para outros mercados na Europa. Estão privatizando os rios, transformando a água em mercadoria, com valores e preços. Até 2010 o litro da água vai estar custando aproximadamente US$ 15", comentou.
No ponto de vista do procurador, a população deve assumir a conservação da natureza. Principalmente com o apoio do MPE (Ministério Público Estadual) que, conforme a Constituição Brasileira de 1988, pode implementar ações que possam contribuir para isso.
Eurico informou ainda que o MPE vai apurar a poluição do rio Quitauaú e do igarapé Sucurijú, no Município de Cantá e do rio Cauamé, em Boa Vista, ambos poluídos por lixo e outros produtos.
No caso do Cantá, os moradores estão ingerindo água poluída do igarapé, que está sendo tomado por lixo doméstico entre outros. Em Boa Vista, o Cauamé está comprometido devido à degradação.
Eurico enfatizou que os municípios devem ter o compromisso com a preservação. Citou como mau exemplo, o Município do Cantá, onde uma emenda parlamentar destinou R$ 1,5 milhão para ser investido na urbanização e preservação do igarapé que fica na entrada da cidade, sendo que só foram investidos R$ 43 mil.
"Existe inclusive uma ação no STF relacionada a esta questão. Mas a solução para estes problemas está no zoneamento ecológico das áreas para que as pessoas possam expor a situação e reivindicar", disse.
Eurico aproveitou para enfatizar a questão dos oleiros da Vila Vintém, que moram e trabalham de forma desordenada em área de preservação, e causam poluição visual e ambiental ao mesmo tempo.
"Existem promessas de transferência de área. As áreas para o assentamento destas pessoas são pesquisadas, mas em seguida empresas privadas compram estas áreas e a poluição continua. Não é só o poder público, falta coerência da população", disse.
(Por Tiana Brazão, Folha de Boa Vista, 04/09/2006)
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