A Patrulha Ambiental (Patram) da Brigada Militar desmantelou uma rinha
de galo na noite de sábado (02/09), no bairro Pedancino. Suspeitas de serem
apostadoras, trinta pessoas - duas delas com menos de 18 anos - tiveram
que assinar termo circunstanciado por maus-tratos a animais. Os
policiais militares aprenderam 40 galos, muitos deles feridos,
medicamentos anabolizantes usados para fortalecer animais, cerca de
100 biqueiras e esporas de metal, cronômetro, mural para apostas e
duas armas.
Conforme o tenente Aécio Ramos Mendonza, que comandou a operação, a
rinha acontecia em um galpão na propriedade do vigilante Oclédio
Batista Bertollo, 57 anos. De acordo com Aécio, dois galos eram postos
à luta a cada rodada, em uma arena de madeira. O tempo de cada disputa
variava de dois a quatro minutos, com apostas de R$ 50 a R$ 200.
Segundo flagrou a Patram, antes das brigas, os animais permaneciam em
caixas de madeira com apenas uma abertura para a cabeça, o que seria
uma técnica para tornar os galos mais agressivos.
Além dos materiais usados para rinha, os PMs localizaram uma pistola e
uma espingarda.
- Pela estrutura montada, as rinhas deveriam acontecer há bastante
tempo. Com relação às armas, o dono da pistola deve ter se desfeito
dela assim que chegamos. Já a espingarda deve pertencer ao dono da
casa - acredita o policial militar.
O destino dos galos apreendidos será decidido hoje pelo Ministério
Público. Até este domingo, eles ficaram retidos na propriedade onde
ocorreu a ação da Patram. Mas deverão ser encaminhados a um local para
descontaminação dos anabolizantes, para depois serem abatidos. A carne
poderá ser destinada a uma entidade assistencial. Conforme o tenente,
o grupo de pessoas não foi preso porque não havia reincidentes no
crime.
Os suspeitos aguardarão julgamento em liberdade.
O que diz a lei
A rinha de galo é considerada crime ambiental e se enquadra no artigo
32 da legislação ambiental, que prevê pena de detenção de três meses a
um ano, além de multa. A condenação pode ser aumentada de um sexto a
um terço, se ocorre morte do animal. O artigo condena o ato de abuso,
maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou
domesticados, nativos ou exóticos.
Contraponto
O que diz o vigilante Oclédio Batista Bertollo, 57 anos, dono do
galpão onde ocorria a rinha:
- Vendo galos para amigos que participam de rinhas e também para
comer. Nunca participo das brigas e aqui só aconteceu no sábado. Tenho
a arena no galpão porque, antes de vender, a gente coloca os galos para
pular para ver qual é o melhor. As esporas e também as biqueiras são
minhas. Vamos ver o que a polícia vai dizer, mas gostaria de continuar
criando os galos porque é uma fonte de renda.
(Por Nádia de Toni,
Pioneiro, 04/09/2006)