Marcus Barros critica resistências ao DOF
2006-09-04
Sem mencionar diretamente o Greenpeace, o presidente do Ibama, Marcus Barros, disse ter levado um susto ao ouvir a proposta de adiamento do Documento de Origem Florestal (DOF), às vésperas do lançamento do novo sistema.
Um dia antes, na abertura da reunião do Conselho Nacional do Meio Ambiente, Sérgio Leitão - coordenador de Políticas Públicas desta ONG - fez apelo à ministra do Meio Ambiente para não mudar o sistema de controle de madeira, a partir da data de hoje.
Para Marcus Barros a substituição da Autorização de Transporte de Produto Florestal (ATPF) pelo sistema de controle eletrônico - o DOF - é essencial para combater a exploração ilegal de madeira. “Na minha cabeça, o móvel do crime é a ATPF”. Defender a manutenção deste sistema, na opinião do presidente do Ibama, é o mesmo que dizer: “eu quero continuar usando cheque fraudado”.
A convicção de Barros de que a ATPF é instrumento de fraude surgiu das 12 operações conjuntas do Ibama e da Polícia Federal para desbaratar quadrilhas especializadas na exploração ilegal de madeira. Por isso, começaram os estudos e discussões com vários segmentos da sociedade, incluindo os madeireiros, para mudar o sistema.
Na Operação Ouro Verde, realizada ano passado no Pará, Marcus Barros anunciou os planos do governo em adotar um sistema mais moderno que combatesse as fraudes. “A ATPF está na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e entrará em falência múltipla dos órgãos”, disse na época. Hoje pela manhã, no lançamento do DOF, ao contar o seu espanto com a proposta de manter as guias antigas, Barros disse: “alguém queria que o cadáver ficasse insepulto”.
A ministra Marina Silva fez uma avaliação mais amena. A ministra contou que até a véspera do lançamento havia parceiros receosos com o novo sistema, mas ela estava certa de que isto não significava que eles advogassem pela continuidade das ATPFs.
(Por Sandra Sato, Ibama, 01/09/2006)
http://www.ibama.gov.br/novo_ibama/paginas/materia.php?id_arq=4342