Circo com animais causa polêmica em Rio Grande
2006-09-02
Mesmo com a criação da Lei Municipal 5970, de 9 de agosto de 2005, que proíbe a apresentação
de espetáculos que utilizem
animais, a Prefeitura autorizou a instalação de um circo em área pública na cidade. Terça-feira (29/08) à
tarde, o Circo de Maringá
instalou-se na praça junto à Perimetral. Entre as diversas atrações, os animais são as que
mais chamam a atenção da
comunidade que pára para ver de perto os cães coloridos, o camelo, a lhama, a avestruz e os
pôneis.
Segundo o relações
públicas do circo, Richard Miguel, há um mês o alvará de funcionamento foi solicitado à
Prefeitura. "Nós pagamos todas as
taxas e ninguém nos alertou de nada. Em toda cidade que chegamos nós somos avisados quando
é proibido utilizar animais
durante os espetáculos. Quando isso ocorre, nós modificamos a apresentação e todo o
material de divulgação. Mas aqui,
ninguém nos falou nada e ontem fomos surpreendidos com uma notificação da própria
Prefeitura", conta. "Mesmo se
modificarmos as atrações, o que ainda não foi decidido, pois pretendemos recorrer à tal
notificação, tenho certeza que a
comunidade sentirá falta dos animais", diz.
"Se soubéssemos que Rio Grande proíbe os animais em circo nós nem teríamos
vindo", finaliza. Ele conta ainda que todos os animais do circo são muito bem-tratados e
recebem alimentação adequada.
Além disso, os bichos possuem uma plaqueta de identificação, pois são monitorados pelo
Ibama. A estréia do circo na cidade
está prevista para a próxima quinta-feira e os ingressos, com bônus, custam R$ 3. A multa
municipal pelo descumprimento da
Lei 5970 é de 10 mil URMs, valor em torno de R$ 20 mil.
Proteção dos animais
Segundo a presidente da Associação Rio-grandina de Proteção dos Animais (Argipa), Lenir
Amaral, a entidade lutará para que
o circo não utilize os animais em suas apresentações e, tampouco, deixará que estes fiquem
em exibição, "pois eles não são
um zoológico itinerante", diz. "Além disso, a Argipa não permitirá que os animais sejam
trancados em jaulas. Por isso,
alertamos a comunidade que o circo, se ainda insistir na apresentação com os animais, não
realizará os números com os
bichos, pois agiremos dentro da lei", fala Lenir.
Animais nos circos
A utilização de animais em circos é uma prática cruel e desnecessária. Se proibida, a
diversão continua assegurada com
criações de trabalhos para artistas humanos de talentos inquestionáveis. Alguns dos mais
respeitados circos do mundo, como
o nacional Circo Spacial e o canadense Cirque du Soleil, não utilizam animais em suas
apresentações, e são exemplos de que
a verdadeira arte vai muito além de aprisionar animais.
O treinamento de animais usam métodos violentos, que incluem açoitamento, choques elétricos
e perfurações por objetos
pontiagudos, espancamentos com barras de ferro e pedaços de pau, queimadura das patas
dianteiras (para não se apoiarem no
chão), queimaduras feitas com ferro em brasa na cabeça e no corpo. Alguns animais têm suas
garras arrancadas, seus dentes
e narizes quebrados e suas línguas cortadas. (Informações: www.pea.org.br/crueldade/circos)
Exemplos bons
Várias cidades brasileiras já proibiram espetáculos circenses com a utilização de animais e
são bons exemplos: Estado de
São Paulo: Araraquara, Atibaia, Avaré, Batatais, Bebedouro, Campinas, Cotia, Guarulhos, Itu,
Jacareí, Jundiaí, Santo André,
Salto, Santos, São Paulo, São Vicente, Sorocaba e Ubatuba. Santa Catarina: Blumenau e
Florianópolis. Pernambuco: Recife,
Olinda e Pernambuco. Rio Grande do Sul: Porto Alegre, Santa Maria, Montenegro, São Leopoldo
e Rio Grande. No Rio de
Janeiro, a proibição é para todos os municípios do Estado.
(Jornal Agora, 30/08/2006)
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