Alterações climáticas ameaçam avanço dos países mais pobres
2006-09-01
As mudanças climáticas podem ser uma das maiores ameaças às tentativas de acabar com a pobreza das
nações menos desenvolvidas e forçaram o Banco Mundial a reavaliar seus projetos de desenvolvimento,
informou o banco ontem (31/08).
Estudos mostraram que alterações climáticas e o aquecimento global ligado a emissões de gases do
efeito estufa reduzirão o crescimento econômico, a expansão e os investimentos em alguns dos países
mais vulneráveis.
"Já estamos vendo as conseqüências das mudanças climáticas. Precisamos ver como podemos ajudar os
países a se desenvolver de maneira climaticamente inofensiva", declarou Steen Jorgensen,
vice-presidente interino do Banco Mundial para desenvolvimento sustentável, a repórteres na Cidade do
Cabo, durante o lançamento de um novo relatório sobre alterações climáticas.
O estudo, que avalia como o banco deve reagir a esse desafio emergente para seus modelos de
desenvolvimento, foi divulgado na Terceira Assembléia do Fundo para o Meio Ambiente Mundial. O fundo
é o maior mecanismo de financiamento ambiental do mundo e ajuda no desenvolvimento de programas de
financiamento nacionais para a promoção da biodiversidade, combate às alterações climáticas e
degradação do terreno.
O aquecimento global deve ter um efeito devastador em alguns países em desenvolvimento, quando os
níveis do mar em alta levarem caos a pequenos países insulares, e secas mais graves e freqüentes
destruírem plantações em terras de agricultura marginal.
Nações mais pobres, particularmente na África subsaariana, onde a agricultura representa cerca de 70%
dos empregos, seriam as mais atingidas. O Banco Mundial disse que gastos associados ao aquecimento
global consumiriam auxílio ao desenvolvimento e projetos, forçando doadores a reavaliar os custos e a
infra-estrutura necessária para ajudar a cortar a pobreza. "Diversos estudos sugeriram que, na falta
de adaptação, os custos anuais dos impactos das mudanças climáticas em países em desenvolvimento
afetados podem variar de alguns pontos percentuais a dezenas de pontos percentuais do Produto Interno
Bruto", disse o banco. "Grande parte do dano não ocorreria de maneira gradual e crescente ao longo
dos anos, mas na forma de choques econômicos severos", acrescentou.
Tempestades pesadas e secas também tornariam os investimentos em países afetados menos atrativos,
disse à Reuters o diretor de Meio Ambiente do Banco Mundial, Warren Evans. "Quase qualquer
investimento que for potencialmente impactado por quaisquer alterações no fluxo de água, mudanças em
secas e mudanças em temperatura estará em perigo." É importante ajudar países a administrar melhor as
mudanças climáticas que enfrentam atualmente, de maneira que possam se adaptar às crescentes mudanças
do futuro, declarou o diretor do banco.
(Gazeta Mercantil/Reuters, 01/09/2006)
http://www.gazetamercantil.com.br/integraNoticia.aspx?Param=9%2c0%2c1%2c186802%2cUIOU