Energias do Brasil analisa implantação de térmicas a carvão
2006-09-01
A Energias do Brasil está estudando a possibilidade de entrar no mercado de térmicas a carvão mineral. Segundo o vice-presidente de geração da holding, Custódio Miguens, a empresa não deixou de priorizar a geração hidrelétrica, mas começou a analisar a entrada no segmento térmico, no âmbito da estratégia de expansão da geração, com o aumento dos riscos dos projetos hídricos.
Miguens contou que a decisão da companhia está atrelada à oferta de hidrelétricas em futuros leilões, segundo as previsões do Plano Decenal que demandam a necessidade de implantação de 2,5 mil MW a 4 mil MW por ano. Um fatores que podem condicionar a decisão da empresa de investir em energia térmica é a definição sobre a construção do complexo hidrelétrico do Rio Madeira (RO, 6.450 MW). "Se o Madeira sair, não faremos térmicas a carvão. Se não sair o Madeira, nós poderemos construir", salientou.
A questão ambiental, observou, tem sido um componente adicional nas avaliações da empresa. Miguens destacou que a hidrelétrica Peixe Angical (TO, 452 MW) teve custo ambiental de 14% do investimento total feito na usina - de R$ 1,6 bilhão. Inicialmente, disse, o valor previsto era de 10% do total a ser aplicado.
O executivo destacou que a Energias do Brasil estava analisando as seis novas outorgas que o governo pretende ofertar no leilão de energia nova A-5, previsto para 10 de outubro. "Só que desses seis empreendimentos, quatro têm problemas com o Ministério Público", observou, em referência às questões ambientais que podem deixar de fora do leilão Mauá, Salto Grande, Dardanelos e Baixo Iguaçu.
Entre as análises a serem feitas pela holding está a localização do projeto, em função do tipo de carvão. Miguens afirmou que a eventual usina seria construída no Sul, caso a decisão seja pelo carvão nacional. Se optar pelo importado, segundo o executivo, a empresa decidirá por um local que disponha de infra-estrutura portuária.
"O Nordeste pode ser uma opção, até porque é uma das regiões mais críticas em termos de abastecimento", apontou Miguens. O executivo estima que caso a Energias do Brasil decida a favor da geração carbonífera, o projeto a ser implementado teria pelo menos 700 MW.
Biomassa
Miguens contou ainda que a empresa também está avaliando a entrada no mercado de biomassa. A Energias do Brasil, observou, considera a fonte "interessante", mas ressaltou que a biomassa não atende plenamente às necessidades de demanda do país. Seriam necessários, segundo ele, a implantação de 80 a 100 projetos de biomassa no país para gerar um volume expressivo de energia.
Miguens descartou, nesse segmento, o retorno da empresa ao mercado de térmicas a gás natural. Segundo ele, a Energias do Brasil não descarta de início nenhuma oportunidade, mas observou que os riscos regulatórios, associados à incerteza sobre a oferta do combustível, não motivam a empresa a investir no segmento.
A Energias do Brasil, quando atuava com o nome de EDP, chegou a ter um projeto termelétrico a gás no país - a Fafen, cuja participação foi repassada à Petrobras.
(Por Fábio Couto, Agência CanalEnergia, 30/08/2006)
http://www.canalenergia.com.br/zpublisher/materias/Expansao.asp?id=55454