Biomineralização aumenta a produtividade e a qualidade dos alimentos
2006-08-31
Encerrou terça-feira (29/08) o Seminário Nacional de Tecnologias Inovadoras
para a Agricultura Familiar, onde a biomineralização foi apontada como
uma alternativa viável para recuperação do solo empobrecido pela
adubação química e o intemperismo. Mais de trezentos produtores do
Rio Grande do Sul, do Paraná e do Mato Grosso participaram do evento.
O assunto estará na pauta do programa Sintonia da Terra que irá ao ar
pela Rádio da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) na
próxima sexta-feira, às 8h15min. Pela internet, o programa pode ser
acompanhado via link em www.ufrgs.br/radio.
Através da devolução dos minerais ao solo, os microorganismos são
alimentados e passam às plantas os componentes minerais que foram
metabolizados pelas formas de vida mais primitivas da Terra. Entre as
matérias-primas para a obtenção de minerais estão algas, ossos e
rochas, que ao serem moídas produzem farinhas de rochas, contendo não
só os tradicionais N P K (nitrogênio, fósforo e potássio) utilizados
na agricultura convencional, mas os demais elementos químicos da Tabela
Periódica.
"A rocha base, agregada às características do clima local, irá definir
o tipo de solo" explica o geólogo Eduardo Camozzato durante primeiro
painel da manhã: "Origem das Rochas e dos Solos Brasileiros". Segundo
ele, rochas semelhantes podem ter diferentes origens, alterando a
fertilidade do solo resultante da sua decomposição. "Na Campanha
Gaúcha, ao norte de Bagé, existem arenitos cuja fonte original é
vulcânica, o que permite uma grande qualidade para o cultivo de
pêssegos". Os arenitos gaúchos mais comuns, resultantes da desagregação
do granito, originam solos menos produtivos.
José Carlos Alves Ferreira, geólogo da empresa Rockall, com sede no
Mato Grosso, afirma que a desmineralização ocorre em nível planetário
por um processo natural, o qual é acelerado pelo homem. "A
mineralização, ao devolver os nutrientes perdidos pela erosão ou nas
próprias colheitas, é fundamental para a vida do solo. Poucos sabem
disso, mas as cinzas vulcânicas eram utilizadas na agricultura desde a
Antigüidade".
A produtividade de um solo mineralizado tem exemplo no pé de alface
que pesa um quilo e quatrocentos gramas, em apenas 40 dias de cultivo.
"O que vem prejudicando a agricultura atual são os sais solúveis,
facilmente transportados pelas chuvas que, além de poluir os rios,
precisam ser repostos a cada safra. Ao colocarmos um mineral no solo,
os microorganismos primitivos é quem disponibilizarão os nutrientes
para as plantas. Uma aplicação como essa pode garantir uma boa
fertilidade por mais de quatro anos" comenta Ferreira.
Youssef Nasser, engenheiro agrônomo responsável pelo painel "As
Farinhas de Rochas no Espírito Santo", não pode comparecer devido à
guerra no Líbano. Ele viajou ao seu país de origem para visitar a
família, pois sua irmã foi ferida e seu sobrinho, morto durante os
ataques. À tarde o engenheiro agrônomo Sebastião Pinheiro falou sobre
a Qualidade Minerológica do Alimento Biomineralizado: "Uma alface
cultivada por hidroponia apodrece em dois dias. A mesma espécie dura
mais de duas semanas se for produzida em um solo biomineralizado". A
melhor nutrição do alimento traz longevidade e maior saúde para quem
o consome.
Para encerrar o Seminário foram ouvidas algumas experiências de
biomineralização. Wilson Stefanoski, de Cerro Grande do Sul e produtor
da Coolméia, falou sobre a horticultura. Augusto Buske, de Caiçara,
mostrou as vantagens da biomineralização na criação de suínos. Criação
a campo foi o tema de Ricardo Machado, de Novo Xingu, e Marino Slongo,
de Erechim, discorreu sobre vitivinicultura.
(Por Cláudia Dreier, EcoAgência, 30/08/2006)
http://www.ecoagencia.com.br/index.php?option=content&task=view&id=1801&Itemid=2