Governo deve dar sinal verde para Angra 3, diz presidente da Eletrobrás
2006-08-31
Apesar de não ter sido incluída no programa de um possível segundo
governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a usina nuclear de
Angra 3 deverá ser construída, afirmou ontem (30/8) o presidente da
Eletrobrás, Aloisio Vasconcelos. De acordo com ele, a obra tem apoio
de nove de 11 ministros de Estado ligados ao assunto.
"A decisão é política e estou esperançoso que saia em algum momento
entre 1º de outubro e 31 de dezembro", declarou Vasconcelos, sugerindo
que a confirmação do empreendimento virá após as eleições.
O presidente da Eletrobrás não quis informar quais seriam os ministros
contrários à idéia, mas descartou o da Fazenda, Guido Mantega. "Não é
ele", afirmou Vasconcelos ao ser indagado sobre se Mantega seria o
opositor. "Já fizemos estudos ambientais, econômicos, de tarifas. A
usina é viável e não se pode desprezar 1.400 megawatts", complementou.
No programa para o segundo mandato de Lula, divulgado na terça-feira
(29/8), constam as duas usinas hidrelétricas do complexo de Rio
Madeira, em Rondônia, e a usina de Belo Monte, no Pará, dois projetos
também considerados prioritários pelo presidente da Eletrobrás para
garantir a segurança do sistema.
"As duas usinas de Rio Madeira são fundamentais para o País.
Precisamos conseguir este ano a licença ambiental para fazer o leilão
e definir o grupo que vai construir", destacou. O complexo de Rio
Madeira é formado pelas usinas de Jirau e Santo Antonio e vão gerar
6,5 mil megawatts para o sistema. Segundo Vasconcelos, se o Brasil
crescer 4% ao ano, como o previsto pelo governo, vai precisar
acrescentar ao sistema pelo menos mais 6 mil megawatts por ano.
No entanto, a dificuldade em obter licenças ambientais para os
projetos pode travar as obras, ressaltou Vasconcelos, colocando em
risco o abastecimento de energia. "Ou vamos ter que dar um soco na
mesa ou esse pessoal do meio ambiente vai parar o País. Tem que se
encontrar uma solução", disparou o presidente da Eletrobrás em almoço
com executivos de finanças no Rio de Janeiro.
Além dessas usinas, a Eletrobrás prevê concorrer por outros
empreendimentos nos leilões de energia promovidos pelo governo e
estima investir mais de R$ 6 bilhões em 2007, contra os 5,2 bilhões
previstos para este ano. Em 2008, o desembolso deve ultrapassar R$ 7
bilhões. "Não podemos dar detalhes sobre como serão gastos esses
recursos porque ainda não sabemos o que vamos ganhar
no leilão".
(Reuters/Gazeta Mercantil, 31/08/2006)
http://www.gazetamercantil.com.br/integraNoticia.aspx?Param=9%2c0%2c1%2c184715%2cUIOU