É preciso acabar com três garimpos ilegais na terra kayapó, diz coordenador da Funai
2006-08-31
Nas últimas semanas, a Operação Kayapó, realizada em conjunto pela Funai, Polícia Federal e Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), expulsou e prendeu invasores nas terras indígenas da região que praticavam desmatamento ilegal, grilagem e garimpo.
“Ainda tem três garimpos, só que com anuência de um grupo de indígenas”, contou Santos à Agência Brasil, durante visita à terra kayapó. Ele diz que a Funai pretende expulsar mais estes invasores, mas pondera que esta situação é mais complicada.
“Tirar, a gente tira tudo em dez dias, porque é num lugar só. O problema é deixar desocupado depois. O lugar é muito grande e vai ter sempre gente invadindo”, explicou. No início do mês, as autoridades, ajudadas por alguns índios, retiraram um grupo de trabalhadores de outra região na terra kayapó, mas não mantiveram o acampamento ocupado. Os invasores voltaram e queimaram os barracos, em represália à ação da retirada.
O coordenador da Funai garante que todas as invasões na região estão detectadas, mas reconhece que alguns pontos de desmatamento mais sutis podem passar despercebidos, por causa do “corte raso”. São máquinas que extraem apenas madeira de lei, sem derrubar árvores em grande quantidade, dificultando o flagrante em sobrevôos.
Outra dificuldade enfrentada no combate à invasão da terra indígena é a falta de elementos facilmente visíveis de demarcação. Elementos que, de fato, mostrem que a partir daquele determinado ponto o homem branco sem autorização não é bem-vindo.
“O pico de demarcação é importante. Quando não existe, favorece os invasores, que podem alegar que não agiram de má fé”, afirma Eimar Araújo, coordenador da Operação Kayapó. Ele calcula que, no ponto onde foi realizada a primeira etapa da operação, nunca houve manutenção desde que a terra foi demarcada, em 1991. “Antigamente acreditávamos que bastava demarcar, mas hoje vemos que é necessário fiscalizar”.
A Operação Kayapó está garantida até 13 de setembro. Os índios pedem que seja prorrogada até novembro, quando começa a época de chuvas, que dificulta a ação de invasores.
(Por Julio Cruz Neto, Agência Brasil, 30/08/2006)
http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2006/08/30/materia.2006-08-30.3805128528