Pela primeira vez, a França terá este ano mais hectares destinados a produzir canola para
biocombustível do que para alimentação, numa tentativa de alcançar objetivos ambiciosos de
produção alternativa de energia. A Federação de Produtores de Oleagionosas (Prolea), da
França, calcula que a superfície para produzir biodiesel passará de 448 mil hectares em 2005
para 680 mil hectares este ano. Já a área plantada com canola para alimentação cairá de 779
mil hectares para 654 mil hectares.
No entanto, por causa de forte calor em julho seguido de súbitas chuvas, a produção deve
cair, apesar da maior área este ano. Os produtores franceses de canola esperam uma colheita
de 3,9 milhões de toneladas contra 4,5 milhões em 2005. A produtividade caiu cerca de 20%,
para 2,95 toneladas por hectare ante o recorde de 3,68 toneladas no ano passado.
Nesse cenário, a Diester Industrie, o maior produtor francês de biodiesel, decidiu pagar
mais pela canola para estimular os produtores depois da colheita ruim.
Os agricultures franceses que plantam canola para produção de biocombustível recebiam das
usinas, 218 euros por tonelada, além de 20 euros de prêmio de engajamento. A partir de
agora, Diester vai comprar das cooperativas ao preço total de 253 euros por tonelada. Esse
preço é válido para os lotes com grãos contendo 40% de óleo.
A expectativa é de que os preços futuros assim como os do mercado físico continuem firmes
nos próximos meses. Primeiro, porque a colheita européia de canola diminuiu, sob a
influência da queda na França. Além disso, a demanda européia pelo grão continua forte.
Segundo analistas, a situação é tão favorável que se pode esperar aumento de 5 a 10% na
produção no ano que vem.
A França quer ampliar significativamente sua produção de biocombustível nos próximos anos.
Quer produzir 3,2 milhões de toneladas de biodiesel em 2009, 515% mais que neste ano. Para
bioetanol, o plano é de produzir 1,1 milhão de toneladas a mais (alta de 175%) no mesmo
período.
Segundo a Federação de Produtores de Oleaginosas da França, a área plantada com girassol
está estimada em 655 mil hectares e a de soja em 48 mil hectares, essencialmente para
alimentação. No total, a produção francesa de cereais este ano deve alcançar 61,6 milhões de
toneladas, 4% a menos do que a média dos últimos cinco anos, afetada pelo clima. A colheita
de trigo, que chegou a ser estimada em 37 milhões de toneladas, deve ficar em 33,5 milhões.
(Por Assis Moreira,
Valor Econômico,
30/08/2006)