A cidade de Nova Orleans, no sul dos Estados Unidos, marcou na terça-feira (29/08) o primeiro aniversário da maior tragédia de sua história, a passagem do furacão Katrina, que destruiu a região e matou quase 1.600 pessoas. Um ano depois, o drama da cidade persiste, com a reconstrução muito longe de ser concluída. Cerimônias e homenagens lembrarão a data e as vítimas da tragédia.
Os moradores organizaram vigílias e tocariam sinos no momento exato em que as barreiras da cidade se romperam e Nova Orleans foi engolida pela água em função da passagem do Katrina. Coroas de flores seriam deixadas em cada buraco nas barreiras. Como não poderia deixar de ocorrer na capital da música dos EUA, uma banda de jazz caminharia pela cidade tocando canções de luto.
O presidente George W. Bush participaria de uma cerimônia religiosa ecumênica no centro de convenções da cidade, onde grupos enormes de refugiados esperaram em vão por comida e remédios - dezenas morreram ali. Na segunda, Bush discursou sobre o tema e admitiu que a ajuda ainda é insuficiente e que a reconstrução segue lenta. "Há muito a ser feito", reconheceu o presidente.
Quando o Katrina se aproximou da cidade, no início da manhã de 29 de agosto de 2005, cobrindo cerca de 80% de Nova Orleans e destruindo bairros inteiros, Bush foi acusado de ignorar a ameaça do furacão - apesar de ter sido alertado sobre a gravidade da situação. Na segunda, porém, ele fugiu das polêmicas, destacando apenas a necessidade de seguir com a "longa recuperação".
Em baixa - Apesar do esforço para destacar o trabalho de reconstrução e a coragem dos moradores de Nova Orleans, Bush deverá amargar prejuízos políticos com o aniversário do Katrina. Muitos analistas políticos americanos atribuem à tragédia o início da derrocada da imagem e da aprovação do presidente - hoje com cerca de 40% de avaliação positiva, uma marca baixa para ele.
Para completar, o presidente e seu partido enfrentam uma eleição importante em novembro, com duelo entre os republicanos e os democratas por cargos parlamentares e estaduais. Acredita-se que a lembrança do Katrina possa ser decisiva para tirar muitos aliados de Bush de seus cargos no Congresso e nos estados - o que dificultaria as ações dele no resto do seu segundo mandato.
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Veja, 30/08/2006)