Quem olha para os bichinhos simpáticos estampados nos produtos da
Sociedade Amigos do Animais (Soama) nem sempre tem idéia dos desafios
enfrentados pelos administradores da entidade. Por outro lado, quem
quer contatar com seus responsáveis quase nunca sabe como fazer e tem
dificuldades para encontrar alguém. Nesta reportagem, o Pioneiro
desvenda o funcionamento e as necessidades da Soama.
Ela é a principal responsável pelo recolhimento de cães e gatos
abandonados no município. A entidade não tem uma sede administrativa,
mas os cerca de 1,3 mil animais atendidos estão abrigados em uma
chácara em São Virgílio da 6ª Légua.
Segundo o presidente, Arízio Câmara Rosa Moraes, desde março de 2005 o
a chácara está superlotada e a proporção é de 60 entradas para 40
saídas (por adoção ou morte do animal). Ele afirma, ainda, que são
atendidas mais de 100 denúncias de maus-tratos por mês. Grande parte
do trabalho é feito por um grupo de voluntários que atua na
organização não-governamental (ONG), que também é facilitadora dos
interessados em relação a processos jurídicos contra maus-tratos.
- As pessoas não entendem o que é uma ONG, então digo apenas que não
somos funcionários da prefeitura e não recebemos nada - explica
Moraes.
Prefeitura paga as despesas
A Soama é a única entidade da cidade a receber verba orçamentária - um
total de R$ 25 mil mensais -, sendo que R$ 17,5 mil vêm da Secretaria
dos Serviços Públicos e Urbanos e R$ 7,5 mil da Secretaria Municipal
da Saúde.
De acordo com o presidente da organização, Arízio Câmara Rosa Moraes,
a maior parte desse dinheiro é gasta na limpeza da chácara e na
alimentação dos animais (veja quadro acima), mas o problema principal
não é dinheiro e sim a precariedade da infra-estrutura.
- Dinheiro sempre vai faltar, por mais que a gente ganhe, porque vamos
atender mais animais. Queremos uma construção definitiva na chácara,
para melhor locação dos animais e redução de gastos e desperdícios -
afirma.
A prefeitura exige uma prestação de contas mensal, com gastos, notas e
dados sobre os animais (quantos entraram, quantos saíram). Além do
dinheiro público, a Soama recebe doações e vende produtos com a marca
da entidade, além do recurso dos voluntários. A soma paga medicação e
as cerca de 130 castrações mensais.
A Soama, segundo a prefeitura, também é a entidade que recebe o maior
repasse de dinheiro do poder público municipal. Os demais são feitos
por meio do Fundo Municipal de Assistência Social. A Associação de Pais
e Amigos dos Excepcionais (Apae) recebe a segunda maior verba mensal
da prefeitura - R$ 24 mil.
MP cobra providências
Em abril do ano passado, a titular da 1ª Promotoria de Justiça
Especializada, Janaína de Carli dos Santos, reuniu-se com
representantes da prefeitura e da Soama para que ambos se
comprometessem em viabilizar melhorias na chácara da entidade.
Na época, o Ministério Público propôs um termo de ajustamento entre as
partes e deu o prazo de um mês para a administração municipal
apresentar um plano de reurbanização da área e para o Serviço Autônomo
Municipal de Água e Esgoto (Samae) fazer um projeto de instalação de
uma estação de tratamento de efluentes (ETE). Em 15 de agosto desse
ano, a promotora voltou a notificar o município, pedindo que a
prefeitura informasse as providências tomadas em relação ao assunto.
De acordo com o titular da Secretaria dos Serviços Públicos e Urbanos,
José Altamiro Paim, os responsáveis pelas secretarias do Planejamento,
Meio Ambiente e Samae reuniram-se há 30 dias para tratar do assunto.
Ficou decidido que o Samae irá implantar a ETE (o prazo deve ser
anunciado nesta semana) e, logo depois, a Secretaria de Meio Ambiente
plantará árvores em volta da chácara, para auxiliar na contenção do
barulho e cheiro exalado pelos animais.
(Por Trissia Ordovas Sartori,
Pioneiro, 30/08/2006)