Rio Grande do Sul pode ter primeira usina da América Latina à base de dejetos de suínos
2006-08-30
O Rio Grande do Sul poderá abrigar a primeira usina da América Latina
para geração de energia a partir de dejetos de suínos. O programa
Suinogás - Suinocultura Gaúcha Sustentável prevê um investimento de R$
31 milhões da Suínoenergia, cooperativa que reúne 50 produtores de
cinco municípios da Grande Cerro Largo, financiados pela Hamburgo
Energia Participações, empresa brasileira de capital alemão. A usina,
instalada em São Pedro do Butiá, tem capacidade de 4MW, com dois
biogeradores.
O projeto foi apresentado ontem (29/08) ao governador Germano Rigotto,
ao secretário de Minas, Energia e Comunicações, José Carlos Brack, e
ao presidente da CEEE, Edison Zart. A estatal vai avaliar o projeto,
para definir se há uma forma legal de ser avalista do financiamento,
conforme exigência da Hamburgo. A empresa tem outros quatro projetos
de bioenergia no Estado, todos avalizados pela CGTEE.
Segundo o diretor-presidente da Suínoenergia, Delmar Limberger, embora
o projeto se auto-sustente apenas com a comercialização dos 4MW de
energia, com preço projetado a R$ 139,00 por MW, a intenção é gerar
subprodutos, como calor (utilizado em secagem de grãos, aquecimento em
geral e recauchutagem de pneus) e adubo orgânico (capacidade para 5
mil hectares), além de promover a diversificação agrícola nos
municípios envolvidos, já que a produção de energia exigirá a plantação
de 700 hectares de milhetão, utilizado como biomassa.
Os 50 produtores envolvidos respondem por um rebanho de 24 mil matrizes
suínas. A produção de dejetos é estimada em 400 mil litros/dia. A esse
volume serão acrescidos 200 toneladas de biomassa para gerar a
energia. "É um projeto-piloto", afirmou Limberger, explicando que
poderão ser agregados mais produtores no futuro, uma vez que a região
abriga cerca de 8% das matrizes do RS.
O governador mostrou interesse no projeto e incumbiu o presidente da
CEEE de encontrar alternativas para viabilizá-lo. "Iniciativas desse
tipo devem ser bem-vindas e apoiadas, pois ajudam na busca da
auto-suficiência energética", argumentou Rigotto.
(Correio do Povo, 30/08/2006)
http://www.correiodopovo.com.br/edicaododia.asp