O projeto ainda está em desenvolvimento, mas os primeiros turistas já começaram a chegar à Ilha dos Marinheiros. Maior e mais fértil ilha do Estado, a localidade já foi responsável pelo abastecimento de hortifrutigranjeiros no Município. Hoje, um projeto de ecoturismo, que conta com o incentivo do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas no Rio Grande do Sul (Sebrae/RS), procura valorizar os atributos naturais e culturais da região, além de estimular a criação de alternativas de trabalho e renda ligadas à atividade turística e ao artesanato.

Chamado "Trilha Del Rey", o caminho de cerca de dois quilômetros propicia ao visitante a possibilidade de conhecer aspectos da flora e da fauna, edificações do período do Brasil colonial, cestarias, bordados, crochês e trabalhos em madeira oferecidos pela população, além de saborear a jurupiga. A jurupiga resulta da infusão de 83% de suco de uva e 17% de álcool. Envelhecida em bordalesas, a bebida torna-se leve e agradável ao paladar e impressiona por sua semelhança com o vinho do porto. A gastronomia local é baseada na culinária portuguesa. "As ações que estão sendo realizadas têm o objetivo de resgatar os valores daquela comunidade da ilha, que possui uma riqueza cultural enorme. Acreditamos que o turismo irá contribuir até mesmo com a comercialização dos hortifrutigranjeiros produzidos por sua população", afirma o consultor do Sebrae/RS, Daniel Botelho. No passado, as plantações dos colonizadores portugueses abasteciam Rio Grande e seus arredores. Agora, os ilhéus começam a implantar processos agrícolas ecologicamente sustentáveis, que deverão ter boa aceitação nos mercados da região. A "Trilha Del Rey" constitui um sistema de visitação orientada, com foco conservacionista. Uma consultoria oferecida pelo Sebrae/RS resultou na capacitação de 17 monitores que atuam como guias no local.

A entidade também estimulou a instalação de um quiosque para a comercialização do artesanato e o desenvolvimento de uma programação visual para o empreendimento turístico, que inclui placas de sinalização e logomarca de identificação. Além da "Trilha Del Rey", há um percurso de 27 quilômetros no perímetro da ilha, no qual se pode visitar capelas, construções e ruínas do período colonial. O acesso à ilha pode ser feito por água, em uma viagem de cerca de 30 minutos, ou por uma ponte que a liga ao continente. O processo de fortalecimento cultural e econômico da Ilha dos Marinheiros é desenvolvido pelo Núcleo de Educação e Monitoramento Ambiental (Nema), associação privada, sem fins lucrativos e de utilidade pública municipal do Rio Grande.

A instituição executa suas atividades na região dentro do Projeto Costa Sul, da Fundação Universidade Federal do Rio Grande (Furg) e do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). O incentivo do Sebrae/RS foi disponibilizado por meio do Arranjo Produtivo Local (APL) de Turismo da Costa Doce, que conta com a parceria da Agência de Desenvolvimento da Costa Doce (AD Costa Doce). De acordo com a mestra em Educação Ambiental e Técnica no Nema, Carla Crivellaro, as ações consideram a capacidade de suporte do local. "Queremos incentivar o crescimento de habilidades próprias daquela população, preservando o meio ambiente", afirma.
(Jornal Agora, 29/08/2006)
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