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2006-08-29
A idéia de que as futuras guerras mundiais não serão por petróleo, mas por água, não tem fundamento, segundo especialistas e acadêmicos reunidos em uma conferência internacional na capital da Suécia. Este prognóstico foi feito por instituições como a Agência Central de Inteligência (CIA), dos Estados Unidos, e o Ministério da Defesa da Grã-Bretanha, bem como por alguns funcionários do Banco Mundial. Os especialistas presentes na reunião na semana passada de Estocolmo por ocasião da Semana Mundial da Água consideram essas previsões irreais, exageradas e absurdas.

“As guerras da água rendem boas manchetes para a imprensa, mas os acordos de cooperação não”, disse Arunabha Ghosh, co-autor do Informe sobre Desenvolvimento Humano 2006, dedicado à administração da água. O estudo, encomendado a Ghosh e outros especialistas pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), será apresentado em dezembro. Na realidade, disse Ghosh em Estocolmo, há muitos acordos bilaterais, multilaterais e transfronteiriços para compartilhar a água. Nenhum deles, ou muito poucos, servem para vender jornais, afirmou.

Consultado sobre as guerras pela água, o professor Asit K. Biswas, do Centro do Terceiro Mundo para o Manejo da Água, com sede no México, disse à IPS: “Isto é totalmente sem sentido, porque não vai acontecer, ao menos nos próximos cem anos”. Afirmou, ainda, que o mundo não enfrenta uma crise hídrica por causa da escassez de água. “Isso é bobagem. O que está ocorrendo é uma crise de administração da água”, afirmou Biswas, que na quinta-feira recebeu o Prêmio Estocolmo da Água 2005, por “destacados êxitos” nesta área.

De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, um terço das bacias fluviais do mundo são compartilhadas por, pelo menos, dois países. Em todo o planeta há 262 bacias de rios internacionais, sendo 59 na África, 52 na Ásia, 73 na Europa, 61 na América Latina e Caribe e 17 na América do Norte. No total, 145 países têm territórios que incluem, pelo menos, uma bacia de rio compartilhada. Entre 1948 e 1999, segundo a Unesco, houve 1.831 “interações internacionais” registradas, incluindo 507 conflitos, 96 acontecimentos neutros ou não significativos e, o que é mais importante, 1.228 instâncias de cooperação. A Unesco conclui que, apesar do problema em potencial, a história demonstrou que, nas bacias compartilhadas, é mais provável que surja cooperação do que conflito.

Para o Instituto Internacional da Água de Estocolmo, há argumentos para fundamentar a tese da “guerra”, que já têm entre 10 e 20 anos e ainda são reciclados. Estas formulações “ignoram quantidades maciças de pesquisas recentes segundo as quais os países com escassez hídrica que compartilham um organismo vinculado com a água tendem mais a encontrar soluções cooperativas do que entrar em conflitos violentos”, afirmou. O Instituto também destacou que durante toda a intifada (levante palestino contra Israel na Cisjordânia e em Gaza) o único ponto em que as duas partes em conflito continuaram cooperando em um nível básico foram suas águas compartilhadas. “Daí que, mais do que alcançar argumentos para as ‘hipóteses da guerra da água’, os fatos parecem apoiar a idéia de que a água é uma força potencial de paz, mais do que de conflito violento”, assegurou a instituição.

Ghosh destacou vários acordos que foram “modelos de cooperação”, entre eles o Tratado de Águas dos Hindus, o acordo Israel-Jordânia, a Organização de Desenvolvimento do Rio Senegal e a Comissão do Rio Mekong. Uma pesquisa patrocinada pelo Centro Internacional Woodrow Wilson diz que, apesar das berrantes manchetes “Aproximam-se as guerras pela água!”, estas advertências apocalípticas vão contra a historia. “Nenhuma nação foi à guerra especificamente por recursos hídricos em milhares de anos. As disputas internacionais pela água – inclusive entre ferozes inimigos – são resolvidas pacificamente, mesmo quando surgem conflitos de outra ordem”, afirma.

O estudo também destaca instâncias de cooperação entre países ou províncias que compartilham um rio e superaram conflitos entre 1945 e 1999. “Como a água é tão importante, as nações não podem enfrentar uma luta por ela. Por outro lado, a água alimenta uma independência maior. Ao se reunir para juntos manejarem seus recursos hídricos compartilhados, os países podem construir a confiança e impedir conflitos”, diz o documento, cujos autores são Aaron Wolf, Annika Kramer, Alexander Carius e Geoffrey Dabelko. O estudo indica, ainda, que a maioria dos conflitos aconteceu dentro dos países e que os rios internacionais são uma história diferente, embora um vice-presidente do Banco Mundial tenha previsto em 1995 que “as guerras do próximo século serão pela água”.

No início da década de 90, agricultores do Estado norte-americano da Califórnia bombeavam aquedutos para transportar água desde o vale de Owens até Los Angeles. Em 2000, produtores da província chinesa de Shandong enfrentaram a polícia para protestar contra planos do governo de desviar a água de irrigação para cidades e indústrias. Ghosh citou dois incidentes recentes que tiveram impacto sobre o fornecimento de água. Quando nas últimas semanas aviões de combate israelenses reduziram parte de Beirute a escombros, os F-16 de fabricação norte-americana também destruíram aquedutos libaneses desde o Rio Litani até terras cultivadas ao longo da planície costeira e áreas do vale do Bekaa. O histórico conflito em Sri Lanka – que já dura 20 anos – foi reiniciado no mês passado pelo desvio de um canal por parte da organização rebelde Tigres para a Libertação da Pátria Tamil-Eelam, que luta pela autonomia do norte e leste do país.
(Por Thalif Deen, IPS, 28/08/2006)
http://www.envolverde.com.br/materia.php?cod=21827&edt=1

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