Cientistas divididos sobre tendências dos furacões
2006-08-29
Um ano após o furacão Katrina destruir a cidade de Nova Orleans (EUA), uma tempestade diferente atinge os cientistas climáticos: será que os furacões estão se tornado mais violentos e mais freqüentes? O principal combustível para as tempestades tropicais é as águas quentes do oceano, assim há algum tempo especialistas vem especulando que o aquecimento global, ao elevar a temperatura superficial do oceano, deve intensificar furacões, assim como seu primos asiáticos, os tornados.
Este debate é amplamente escorado pelo o que pode vir a acontecer daqui a 30, 40 anos, ou até mais. Após o choque do Katrina e de uma série de novos estudos, o foco mudou abruptamente para o presente. Será que a tão temida ligação entre o aquecimento e os furacões já está acontecendo? Muitos cientistas pedem para termos cuidado. Segundo eles, a hiper-atividade dos furacões, como no caso de 2004-2005, ocorre devido a um ciclo, alegando que os dados meteorológicos ainda são muito recentes e são vagos para sustentar uma conclusão firme.
Outros, fornecem evidências a longo prazo, dizendo que as tempestades do Atlântico têm se tornado progressivamente piores nas últimas décadas. E, segundo eles, este aumento também é devido a elevação do nível de emissões provenientes da queima de combustíveis fósseis.
“Desde 1987 sabemos que a intensidade dos furacões está relacionada com a temperatura superficial do oceano, e sabemos que nos últimos 15-20 anos a temperatura superficial do oceano nestas regiões aumentou em meio grau Célsius,”disse o principal cientista do Governo Britânico, David King. “Assim, é fácil concluir que o aumento na intensidade de furacões é associado com o aquecimento global.”
O Professor do Instituto de Tecnologia da Universidade de Massachusetts, Kerry Emanuel, começou a alertar sobre uma possível ligação entre a intensidade de furacões e o aquecimento global em 1987.
De acordo com as conclusões de Emanuel, o poder dos ciclones tropicais praticamente dobrou desde 1950. Suas medidas, um índice de dissipação de energia, tem como base a duração e a intensidade das tempestades. Ele nota um aumento significante ao longo das últimas três décadas (quando a temperatura da superfície da Terra começou a aumentar significativamente), mas especialmente desde 1995, quando a temperatura média global começou a apresentar picos anuais cada vez maiores.
“A grande variação da última década é sem precedentes e provavelmente reflete os efeitos do aquecimento global,” disse Emanuel. Peter Webster, do Instituto de Tecnologia e do Centro Nacional de Pesquisas Atmosféricas de Boulder, Colorado (EUA), calcula que os números referentes aos furacões categoria 4 e 5 (as duas tempestades mais poderosas) quase dobraram nas últimas três décadas.
Os críticos argumentam que os dados históricos são fracos. Philip Klotzbach, meteorologista da Universidade Estadual do Colorado, diz que os registros de satélite anteriores a 1984 não são confiáveis. Ele notou um aumento na freqüência de furacões após 1984, mas diz que isto foi possibilitado pelo simples fato da melhoria das ferramentas de medição disponíveis.
Para outros especialistas, atualmente, a questão sobre os furacões é menos urgente do que o destino das cidades costeiras, as quais já estão super expostas às tempestades, além de possibilidade de tornarem-se mais vulneráveis.
(Por Fernanda B Müller, Carbono Brasil, com informações da France-Presse, 28/08/2006)
http://www.carbonobrasil.com/noticias.asp?iNoticia=14720&iTipo=5&idioma=1