Uso de semente transgênica própria é retrocesso, diz ministro da Agricultura
2006-08-29
O ministro da Agricultura, Luís Carlos Guedes Pinto, disse ontem (28/08) que é "um
retrocesso" o uso de sementes transgênicas próprias pelos agricultores ao
comentar a reivindicação dos produtores gaúchos para que o governo autorize
o financiamento de custeio do insumo sem certificação, multiplicado pelos
agricultores no Rio Grande do Sul. Em entrevista à Rádio Gaúcha, de Porto
Alegre, Guedes avaliou que a semente certificada beneficia o produtor, já que
tem melhor desempenho, e alertou para o risco de possíveis barreiras
fitossanitárias contra o Brasil a partir do uso de variedades sem origem
identificada.
"No mundo de hoje, onde as barreiras tarifárias chegaram a um limite e surgem
barreiras de outra ordem, sobretudo sanitárias e agora com relação a
resíduos, e até mesmo na área da biotecnologia, acho que é um risco muito
grande lançarmos mão dessa semente, porque o nosso comprador amanhã pode
alegar que não sabe a origem do produto", analisou o ministro.
Questionado, então, sobre a possibilidade de liberar essas sementes
transgênicas de soja para a produção de biodiesel, Guedes disse que é
preciso ter um mecanismo de controle para assegurar esse destino. "Sobretudo,
estamos preocupados com o avanço tecnológico da agricultura brasileira",
declarou. "Eu acho que é um retrocesso o produtor usar sua própria semente",
acrescentou, citando que essa prática reduz o rendimento da lavoura.
(Estadão, 28/08/2006)
http://www.estadao.com.br/agronegocios/noticias/2006/ago/28/129.htm