Família do interior de Passa Sete utiliza biodigestor para produzir produzir gás e matéria orgânica desde 1983
2006-08-28
A propriedade de Osvaldo e Marlene Rech recebe, todos os anos, dezenas de grupos de estudantes e agricultores. Os visitantes
não se dirigem à localidade de Pitingal, no interior de Passa Sete, atraídos pelas belezas naturais. A família é exemplo
de auto-sustentabilidade. Há 23 anos, não compra mais botijão de gás. Todo o combustível para o fogão, assim como a energia
para um lampião, vem do biodigestor construído em 1983. O casal é pioneiro na região Centro-Serra com o sistema, que
também já serviu para acionar um motor e na irrigação da horta. O biofertilizante ainda garante praticamente toda a adubação
para a lavoura.
A propriedade da família tem 25 hectares, dos quais 12 com mata nativa. Osvaldo, de 61 anos, conta que no passado chegou a
plantar entre 20 e 25 mil pés de fumo. Há 28 anos, no entanto, decidiu se dedicar mais ao cultivo de milho, feijão,
hortigranjeiros e à produção de leite e frangos. Um dos motivos foram as dificuldades para ele e a mulher fazerem todo o
trabalho, além dos problemas de saúde decorrentes da utilização de agrotóxicos. "Na época da mudança, eu pretendia aumentar
a produtividade", conta. A idéia inicial era construir uma estrumeira, mas foi alterada após um encontro da Emater/RS em
1983. Um técnico propôs a instalação do biodigestor, com a dupla finalidade de produzir gás e matéria orgânica. A empresa
auxiliou na parte técnica. Desde aquela época, a família não compra mais gás para o fogão doméstico. Segundo o agricultor,
para gerar energia e gás são necessários 100 litros diários de esterco e água, misturados em proporções iguais. Dez bovinos
ficam presos em um galpão durante a noite para juntar os resíduos.
O sistema foi planejado de forma que o material escorra até o biodigestor. Há canalização até o depósito em que o
biofertilizante pode ser colocado diretamente no distribuidor para adubar a lavoura. O abastecimento com estrume ocorre
apenas uma vez por dia. A família calcula que economiza cerca de R$ 72,00 por mês com gás e energia. O fogão e os demais
equipamentos precisam ser adaptados para o uso do sistema.
(Correio do Povo, 27/08/2006)
http://www.correiodopovo.com.br/edicaododia.asp