Reneu Ries é produtor rural, com fazendas em Carazinho e Cachoeira do
Sul. Nas terras, costumava plantar soja, milho e sorgo, mas nesta
safra houve uma mudança: começou a cultivar girassol, sonhando com um
futuro como fornecedor da indústria de biodiesel que deverá se
desenvolver no Rio Grande do Sul a partir de 2007.
- É um mercado muito promissor - avalia Ries, que está plantando uma
área de 147 hectares de girassol na fazenda de Carazinho.
Ries é um dos produtores que, na tarde de sábado (26/08), estiveram presentes
na Casa RBS da Expointer para o debate organizado por Antônio Sartori,
diretor da Corretora Brasoja, abordando o tema Grãos: Alimentos ou
Energia?
- Esta é uma pergunta que será respondida com o tempo, mas a certeza
que se tem hoje é de que haverá uma valorização dos preços e da
atividade agrícola - explica Sartori.
O cenário que se desenha para as próximas três décadas inclui uma
população crescente e com aumento do poder aquisitivo, demandando
alimentos. Por outro lado, os altos preços do petróleo exigem a busca
por energias limpas e renováveis, o que significa, segundo Sartori,
que a demanda por alimentos competirá com a procura por grãos para a
produção de bioenergia (energia produzida a partir de matéria-prima
vegetal).
Futuro do cultivo de grãos ganha perspectivas
O que decidirá para que lado a corda vai ceder será a rentabilidade do
agricultor, segundo avaliação do presidente da Federação das
Associações Comerciais e de Serviços do Rio Grande do Sul (Federasul),
José Paulo Cairoli.
- Se for mais benéfico, vamos produzir energia em vez de alimentos -
observa Cairoli.
O presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio
Grande do Sul (Fetag), Ezídio Pinheiro, relata que os pequenos
produtores rurais gaúchos olham com interesse a potencialidade do
setor energético, e muitos já começam a produzir oleaginosas como
mamona, soja, girassol e canola com objetivo de fornecer para o setor
de biodiesel.
(
Zero Hora, 28/08/2006)