Trinta e oito dias depois de o processo de instalação das pequenas
centrais hidrelétricas (PHCs) Criúva e Palanquinhos ter sido suspenso
temporariamente pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam),
representantes do órgão reuniram-se com cerca de 20 moradores do
distrito de Criúva, na tarde de sábado (26/08).
O encontro serviu para esclarecer os participantes sobre a obra e
contou com a presença de autoridades do poder público, técnicos
ambientais e empreendedora Hidrotérmica. A licença de instalação foi
suspensa pela Fepam em 20 de julho porque a fundação pediu que fossem
esclarecidas questões de ordem técnica e também para dar espaço aos
questionamentos da população antes da instalação das usinas.
Na reunião informativa do final de semana, o diretor da Hidrotérmica,
Ricardo Nino Machado Pigatto, listou uma série de argumentos
pró-instalação das PHCs. Entre eles, a melhoria da infra-estrutura
das estradas que dão acesso ao distrito, o aproveitamento do Rio
Lajeado Grande como potencial turístico e de lazer e o aumento do
Produto Interno Bruto (PIB) do local. Afirmou, ainda, que serão
investidos cerca de R$ 60 milhões em cada uma das PHCs.
- Queremos uma relação harmoniosa com a comunidade. Vamos ajudar a
melhorá-la. Até porque não vamos fazer a obra e sumir, iremos operar
a usina durante os 50 anos de vida útil dela - explicou.
A construção das usinas deverá durar entre 15 e 20 meses, empregará
200 pessoas diretamente e, na avaliação de Pigatto, terá pequeno
impacto ambiental para a localidade, onde moram cerca de 2 mil
habitantes. Exemplifica, ainda, argumentando que uma das 12 turbinas
da Usina de Itaipu, em Foz do Iguaçu (PR) é 40 vezes maior do que a
ser instalada na região.
- Não há dano que não possa ser compensado ou mitigado (atenuado) -
completou.
Empresa deve pedir revisão de suspensão
O presidente da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam),
Antenor Ferrari, considerou representativa a participação de
moradores e entidades. Além disso, achou positiva a iniciativa da
Hidrotérmica de responder as perguntas feitas pelos participantes.
- A comunidade não compreendia o impacto ambiental dos dois projetos.
Então, as licenças foram suspensas para a população ser ouvida -
explicou.
Agora, ele aguarda o pedido de revisão da decisão, que deve ser
encaminhado pela empreendedora. Antes da decisão pela continuidade da
suspensão ou revalidação da licença, a Fepam ainda ouvirá a posição do
prefeito José Ivo Sartori (PMDB), que integrou o encontro.
Sartori ressaltou que técnicos da prefeitura e da Fepam têm a mesma
visão: de preservação, minimização e compensação ambiental. O prefeito
disse também que a geração de energia trará ganhos à população e
comprometeu-se em resguardar os interesses da comunidade.
(Por Trissia Ordovas Sartori,
Pioneiro, 28/8/2006)