Cultivo de camarão em cativeiro é nocivo para as comunidades pesqueiras e destrói o meio ambiente
2006-08-28
A organização não governamental estadunidense Mangrove Action Project
(Projeto Ação Manguezal) afirma que não são necessários mais estudos
científicos e de campo para demonstrar que o cultivo de camarão em
cativeiro é nocivo para as comunidades pesqueiras e destrói o meio
ambiente. "A prova disso pode ser vista no Equador, na Tailândia, em
Honduras, no México, em todos os países onde a carcinicultura existe",
afirma Elaine Corets, coordenadora latino-americana da MAP.
Elaine se refere aos números de devastação do ecossistema manguezal
reproduzidos com o avanço da aqüicultura desordenada e sem compromisso
com a conservação do meio ambiente. Estima-se que, no mundo, a
superfície de mangues diminuiu em 35% nas últimas décadas. A destruição
acontece a uma taxa de 2,1% ao ano. Na América Latina, o caso mais
expressivo é o do Equador, que teve o ecossistema manguezal reduzido
de 363 mil hectares para 108 mil hectares, em 2002.
No Brasil, onde estima-se que existam mais de 1 milhão de hectares, a
situação não é diferente. "É muito claro que o Brasil não é o primeiro
país a passar pela experiência da carcinicultura e não precisamos
fazer mais estudos para entender como a indústria funciona. Já sabemos
que destruiu a melhor parte dos manguezais do Equador, que gera
conflitos sociais e ambientais, mão-de-obra escrava, mulheres sem
beneficiamento, corrupção associada com a indústria e envolvimento do
poder público com a indústria", afirmou a representante da MAP.
A organização vem acompanhando o crescimento da carcinicultura no
Brasil há dois anos e já visitou comunidades pesqueiras atingidas pela
atividade nos Estados do Ceará e na Bahia. De acordo com Elaine, a
organização desenvolve projetos de educação ambiental, restauração de
manguezais e alternativas sustentáveis - como o turismo comunitário -
para o problema.
A MAP (www.earthisland.org/map ) foi fundada em 1992 por conta da
situação dos manguezais da Tailândia, que foram reduzidos a mais da
metade por conta das fazendas de camarões. A organização acompanha,
ainda, o problema na Indonésia, Índia, Vietnã, Equador e Honduras.
Elaine Corets participou do seminário Manguezais e Vida Comunitária -
Os impactos sócio-ambientais da carcinicultura, encerrado na
quinta-feira, 24 de agosto, em Fortaleza, Ceará.
(Por Rogéria
Araujo, Adital, 25/08/2006)
http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?lang=PT&cod=24127