Cientistas desvendam o mistério de geleiras Hindus
2006-08-28
Novas pesquisas sobre mudanças climáticas na Ásia podem explicar por que muitas geleiras estão crescendo, ao contrário de derreter. A investigação foi realizada na parte oeste do Himalaya e nas montanhas Karakoram e no Monte Hindu, demonstrando que esta área pode estar respondendo diferentemente ao aquecimento global, fenômeno que segundo cientistas causa o derretimento das geleiras.
Pesquisadores da Universidade de Newcastle analisaram tendências na temperatura da região ao longo do último século. Eles descobriram que o aumento recente das temperaturas no inverno e o resfriamento das temperaturas do verão, combinados com um aumento na precipitação de neve e chuva, pode estar fazendo as geleiras crescer, pelo menos nas regiões mais altas das montanhas.
Esta descoberta é particularmente significante, pois as tendências da temperatura, da chuva e da neve também possuem impacto sobre a disponibilidade de água para mais de 50 milhões de paquistaneses. O derretimento das geleiras e de nevascas passadas, fornecem água no verão, alimentando a irrigação tanto nas montanhas, como nas áreas planas mais baixas das montanhas Indus.
O vasto sistema de irrigação Hindu é essencial para a economia nacional do Paquistão, sendo 170.000 Km² de terras irrigadas, área correspondente ao dobro da Inglaterra. A capacidade de prever tendências pode contribuir para um gerenciamento mais efetivo das duas maiores barragens na região alta Hindu, chamadas Mangla e Tarbela, além de permitir um controle maior a longo prazo da água destinada a irrigação e ao fornecimento energético.
Estas barragens têm capacidade para produção de cerca de 5.000 megawatts de energia elétrica. A quantidade de água que chega nelas depende da interação elaborada das condições climáticas. Cerca de um terço desta água, vinda das regiões mais altas das montanhas, depende muito da temperatura do verão, demonstra a pesquisa.
Especificamente, a queda de 1°C nas temperaturas médias do verão desde 1961 deve ter causado uma queda de 20% no escoamento da água para os rios da região. Mesmo assim, dois terços do escoamento das regiões mais baixas depende da quantidade de neve do inverno anterior. Fortes nevascas no inverno são seguidas por um maior volume de escoamento no verão.
O Dr. Hayley Fowler, pesquisador associado da escola de engenharia civil da Universidade de Newcastle, disse: “Muito poucas pesquisas deste tipo foram desenvolvidas nesta região e mesmo assim as descobertas do nosso trabalho têm implicações no fornecimento de água de cerca de 50 milhões de pessoas no Paquistão, as quais dependem da atividade das geleiras.”
“A nossa pesquisa indica que poderemos prever antecipadamente o volume de escoamento durante o verão, o que é muito útil no planejamento posterior dos recursos hídricos.” Outro pesquisador, David Archer comentou: “Nossa pesquisa está preocupada com as mudanças climáticas e com a variabilidade climática que está acontecendo ano a ano.”
“Informações sobre a variabilidade são mais importantes para o gerenciamento dos sistemas hídricos ao ajudar na previsão do fluxo que chega aos reservatórios, permitindo um planejamento mais correto da utilização da água para irrigação.”
“Entretanto, informações sobre os impactos das mudanças climáticas são importantes para o gerenciamento a logo prazo dos recursos hídricos, ajudando-nos a entender o que está acontecendo nas montanhas sob o aquecimento global.” O estudo está publicado no American Meteorological Societys Journal of Climate.
(Por Fernanda B Muller, Carbono Brasil, 26/08/2006)
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