Pequenos produtores de mamona reclamam de baixos preços do biodiesel
2006-08-25
A mamona, uma das matérias-primas do biodiesel no Nordeste, já traz problemas de comercialização para os pequenos agricultores na região de Caetés, Agreste de Pernambuco. Eles se desestimularam porque o produto alcançou um preço muito baixo em 2005. “Não tem para quem vender e o preço cai. Aqui, tem gente que, no ano passado, colheu, não vendeu e disse que não planta mais”, comenta o agricultor Durval Antonio da Silva.
No ano passado, Durval chegou a vender o quilo da semente de mamona por R$ 0,30 na feira de Capoeiras, cidade próxima à sua propriedade, localizada no Sítio Queimada Grande, em Caetés. Ele vendeu a sua produção para um atravessador. “O quilo da mamona remunera o agricultor quando é vendido entre R$ 0,70 e R$ 0,80”, comenta Durval Silva.
O plantio na região de Caetés – terra do presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva –, foi estimulado por uma ação de órgãos do governo federal, estadual e da prefeitura. Com o preço em baixa, o que motivou os agricultores de pelo menos seis municípios daquela região a plantarem mamona foi a doação das sementes da planta feita por órgãos governamentais que também deram sementes de feijão para consorciar com o plantio da mamona.
A cidade de Caetés recebeu uma pequena fábrica de biodiesel, que deve começar a fazer os testes em setembro próximo. Ela pode produzir até 2 mil litros de biodiesel por dia, o que necessitaria 5 mil quilos de semente da mamona diários.
A planta demandou um investimento de R$ 1 milhão e foi bancada por órgãos ligados ao Ministério da Ciência e Tecnologia. Do total, R$ 800 mil saíram da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e R$ 200 mil do Centro de Tecnologias Estratégicas do Nordeste (Cetene). A fábrica vai fazer experiências com vários tipos de oleaginosas, como caroço de algodão, mamona, peão manso, pequi, soja, oiticica e dendê, entre outras.
O diretor do Cetene, Fernando Jucá, afirma que vai comprar a produção dos pequenos agricultores da região. No entanto, a fábrica não tem uma esmagadora para retirar o óleo da oleaginosa. Num primeiro momento, a fábrica terá que comprar o óleo e ele está com o preço alto atualmente, cerca de R$ 1,60 o quilo. A intenção do Cetene é instalar uma unidade esmagadora até o final deste ano.
(Jornal do Commercio - PE, 25/08/2006)
http://jc.uol.com.br/jornal/2006/08/25/not_198055.php