Enquanto o Parque Eólico de Osório é festejado, a Central Eólica de Tramandaí amarga dúvidas de que sairá do
papel. O empreendimento da alemã Innovent com a gaúcha Elebrás chegou a ter seu contrato com a Eletrobrás
suspenso na Justiça. Há poucos dias, uma decisão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região manteve o acordo,
mas a situação ainda é incerta.
Roberto Jardim, diretor da Elebrás, considera o quadro "ainda muito instável" e explica que a decisão dos
empreendedores é de começar as obras quando houver julgamento definitivo. A expectativa é de que ocorra até
o segundo semestre de 2007, para conclusão em meados de 2008. Na origem da situação, está a mudança de local
do parque, inicialmente previsto para Cidreira.
- Quando avaliamos a licença ambiental, detectamos inadequações. Os empreendedores foram chamados, e
apresentamos três opções - relata Manoel Eduardo de Miranda Marcos, chefe do serviço da região do Litoral da
Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam).
Mais distante da praia, menor impacto ambiental
Segundo Marcos, o local inicial era considerado parte da rota migratória de aves e tinha muitas dunas, cuja
formação poderia ser alterada pelo projeto. Mesmo reconhecendo que a nova localização está a menos de um
quilômetro da original, o técnico argumenta que, ao ficar mais distante da praia, a central eólica causa
menor impacto ambiental.
- Fizemos tudo de acordo com a lei, mas a procuradora atendeu à reclamante ERB - diz Jardim.
Márcia Noll Barboza, procuradora da República no Estado, pondera que existe uma irregularidade clara no
contrato com a Eletrobrás: a autorização apresentada à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) é para a
instalação em Cidreira, e não para o novo local, em Tramandaí.
Embora um jurista contratado pela Elebrás tenha apontado excesso de formalismo, Márcia argumenta:
- Se na administração pública não houver respeito às regras, como vai ser?
O Ministério Público Federal (MPF) ainda investiga outros aspectos ligados à propriedade e à situação da
nova área. Embora a data prevista para a conclusão dos projetos do Proinfa fosse dezembro deste ano, a
Eletrobrás já ampliou o prazo para 2007, e os empreendedores contam com prorrogação até 2008.
O diretor da ERB, Bernd Koelln, que acionou o MPF, disse que a tentativa de uma solução administrada falhou:
- Vemos isso como uma competição, se eles (Elebrás/Innovent) saírem, nós entramos. O que não pode é quem
tinha obedecido 100% das condições ficar fora.
(
Zero Hora, 25/08/2006)