O deputado estadual Alceu Moreira, que foi vereador em Osório por seis anos antes de ser prefeito da cidade por um ano e meio, do início de 2001 a meados de 2002, não acha graça na história – levantada pelo jornal Zero Hora de sábado (19/08)– de que quatro governos (os federais de Fernando Henrique e Lula; os estaduais de Olívio Dutra e Germano Rigotto) disputam a paternidade da energia eólica no Litoral Norte gaúcho.
“Se for para ir às origens, o primeiro a falar do potencial dos ventos do litoral foi o engenheiro Anildo Bistotti, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul”, diz Moreira, que trocou a carreira de vendedor de produtos veterinários pela de político.
Falecido, Bistotti gostava tanto de energias alternativas que já no tempo do governador Pedro Simon (1987-1990) falava em aproveitar o vento de Osório e outras regiões. Pode não ter sido o pai, mas foi uma espécie de padrinho.
Segundo Moreira, o outro técnico que abraçou a causa eólica foi o arquiteto Telmo Magadan. Quando presidiu a CEEE, no governo Britto (1995-1998), Magadan tomou as providênciais iniciais para instalar medidores da velocidade dos ventos em alguns pontos do Estado, sem o que não haveria como atrair investidores.
Depois dos primeiros levantamentos, ele foi atrás da tecnologia dos espanhóis e alemães. Só então trabalhou para viabilizar o empreendimento com seus contatos no governo federal, para o qual trabalhou como diretor da Empresa Brasileira de Transportes Urbanos (EBTU).
Na prática, portanto, a semente da energia eólica já estava plantada quando a Secretaria de Energia do governo Olivio Dutra (1999-2002) começou a tocar no assunto. Foi importante aí o empurrão da secretária Dilma Rousseff, depois ministra de Minas e Energia no governo Lula.
Mas no fundo, no fundo, o verdadeiro pai da eólica é o apagão elétrico (2001), que também botou no mundo o biodiesel. No último mês do governo FHC, em 2002, foi criado o Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia (Proinfa), declarado tutor da criança por vinte anos.
(Por Geraldo Hasse,
especial para o Jornal Já, 24/08/2006)