Projeto conscientiza estudantes do município de Arvorezinha
2006-08-24
Um projeto desenvolvido na cidade gaúcha de Arvorezinha pretende mudar a mentalidade dos
produtores de fumo da região. O Monitoramento e Educação Ambiental na Microbacia do Lajeado
Ferreira, desenvolvido pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), ensina técnicas
de produção ambientalmente sustentáveis para 70 crianças do município. O objetivo é que elas
orientem os pais sobre as melhores formas de produzir sem desgastar o solo ou poluir os rios e
prepará-las para aplicar práticas ecologicamente corretas ao se tornarem produtores.
O projeto tem o apoio da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado (Emater),
Sindicato das Indístrias de Fumo (Sindifumo), Conselho Nacional do Desenvolviemnto Científico
e Tecnológico (Cnpq), Fundção de Amparo à Pesquisa do Rio Grande do Sul (Fapergs), organização
não governamental Grupo Vida e prefeitura de Arvorezinha.
O berço desse trabalho é a Escola Municipal da Comunidade de Cândido Brum, que atende a alunos
de ensino fundamental. Inciado em 2004, o programa tem se fortificado como tempo e passou a ser
referência em preservação ambiental na comunidade. No colégio, entre uma aula e outra, os
alunos participam de plaestras sobre preservação ambiental, dinâmicas de grupos e visitas às
plantações para assistirem de perto às melhores técnicas de plantio.
As aticidades coordenadas pela Ufrgs são desenvolvidas por voluntários, técnicos e até um grupo
de escoteiros da região. "O desafio é mostrar uma outra realidade, a de que é posível plantar
sem causar prejuízos à terra e à própria lavoura no longo prazo", explica Gustavo Merten,
professor do Instituto de Pesquisas Hidráulicas da Ufrgs e coordenador do projeto. "Toda a
cadeira produtiva do fumo acaba beneficada com isso".
Fica claro o envolvimento das crianças com a iniciativa. Elas já ciraram um viveiro em um
terreno ao redor da escola para acompanhar o processo de crescimento das plantas. Também foi
dos próprios alunos a iniciativa de criar um minhocário no pátio do colégio para entender como
funciona o ciclo de alimentação e produção de dejetos por parte dos anelídeos. Trata-se de um
ensinamento importante para entender os caminhos da colocação de adubos. Projetos de
conscientização ambiental também podem ser vistos nas feiras de ciências da instituição. A
escola já é conhecida na região pelos trabalhos dos estudantes abordando temas como os
resultados do efeito estufa no clima e os males causados pela contaminação da água.
Outras ecolas da cidade também passaram a querr participar do projeto. Os alunos da Cândido Brum
realizam integrações com os colegas de outros colégios para transmitem seus conhecimentos. Os
técnicos e voluntários tiveram de se desdobrar para atender as demais instituições. Parte deles
passou a deidcar mais tempo no projeto para aumentar o número de visitas. "A escola funcionou
como dufusora da idéia", orgulha-se Merten. Ao mesmo tempo, a Emater trabalha a conscientização
dos pais sobre preservação ambiental. Como o trabalho funciona em duas frentes, existe a
certeza de que os resultados não se perderão no tempo.
À medida em que o projeto se tornou mais popular, os universitários da Ufrgs também passsaram a
se interessar em desenvolver trabalhos com aquela comunidade. Mestrandos e doutorandos escolhem
o colégio para desenvolver suas teses e são convidados a apoiar a iniciativa. Biólogos explicam
sobre os cuidados necessários em cada etapa do processo de produção agrícola. Já os médicos
explicam às crianças as técnicas mais saudáveis para utilizar produtos químicos e como se
proteger durante a produção. Um aluno da área de informática criou um software, em forma de
jogo, para explicar às crianças como fazer o planejamento para o suo da terra. O programa só
não tem sido usado por que não há computadores na escola. "Trabalhamos com uma verba muito
escassa", lamenta Merten.
A Ufrgs e seus parceiros tentam reverter esse quadro. Em 2004, os organizadores tiveram negado
pela Cnpq um pedido de verbas para aprofundar o trabalho. Nos próximos meses, os organizadores
do projeto deverão elaborar uma nova requisição, dessa vez mais detalhada. "O principal motor
do projeto é a boa vontade dos voluntários e o interesse da comunidade, mas um apoio financeiro
certamente ajudaria", reconhece Merten.
(Jornal do Comércio, 23/08/2006)
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