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2006-08-24
Com o término da 2ª- fase, o rio deixará de receber cerca de 350 milhões de litros de esgoto por dia. A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) está investindo US$ 400 milhões na segunda etapa do Projeto Tietê, um programa criado em 1992 pelo governo do Estado de São Paulo para coletar e tratar permanentemente o esgoto gerado pelos quase 18 milhões de habitantes da região metropolitana de São Paulo.

Nesta etapa estão sendo construídas as tubulações de esgotos, tão grandes e extensas que se comparam às construções de túneis viários e metrôs. Essas tubulações é que vão possibilitar a interligação do sistema de coleta de esgoto às estações de tratamento.

Esse projeto nada mais é que ligar o esgoto das casas à rede coletora da rua, que vai ser conduzido ao coletor-tronco, que, por sua vez, leva até os interceptores que ficam nas margens dos rios e córregos e, daí, para as estações de tratamento de esgotos (ETEs).

Durante a primeira etapa do projeto, em que foi investido US$ 1,1 bilhão (metade financiada pelo BID e metade pela Sabesp), as principais obras foram a construção dessas estações. São elas: ETE São Miguel, com 1,5 metro cúbico de capacidade; ETE Parque Novo Mundo, 2,5 metros cúbicos; e ETE ABC, 3 metros cúbicos. Também foi ampliada a ETE Barueri, que passou de 7 para 9,5 metros cúbicos por segundo de capacidade.

Com essas obras, aumentou a capacidade de tratamento de 20% em 1992 para 60% em 1998. Além delas, também foram instalados 1.500 km de novas redes coletoras de esgotos, 315 km de coletores-tronco, 37 km de interceptores e 250 mil novas ligações domiciliares.

Segundo Edson Santana Borges, superintendente de projetos especiais da Sabesp, durante a segunda etapa houve uma sobra de dinheiro devido à defasagem cambial e a um desconto obtido junto às empreiteiras, o que tornou possível licitar novo pacote com 3.523 km de redes coletoras e 34.000 novas ligações domiciliares.

Ainda de acordo com Santana, para obter esse financiamento do BID foram feitas duas exigências: que a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) fosse contratada para o monitoramento da poluição industrial, que na primeira etapa monitorou 1.200 indústrias e no final da segunda deve chegar a 300 empresas, e que houvesse a participação da sociedade civil no que se refere à educação ambiental. A Fundação SOS Mata Atlântica criou o Núcleo Pro-Tietê que, através da distribuição de kits, monitora a qualidade da água do rio.

Com o término das obras da segunda fase, o empreendimento permitirá que o índice de coleta de esgoto na região metropolitana salte de 80% para 84% e o de tratamento, de 62% para 70%. Além disso, cerca de 350 milhões de litros de esgoto deixarão de ser despejados diariamente na bacia do Alto Tietê.

Até abril de 2006 foram concluídos 97% dos interceptores (35 km), 63% dos coletores (94 km) e 75% das redes coletoras de esgoto (1.071 km). A mancha de poluição no interior do estado recuou 120 km na primeira e agora deve ser reduzida em 40 km.

Além de todas essas obras, em 2000 foi inaugurado o Emissário Pinheiros-Leopoldina, com investimento de R$ 113 milhões. É uma tubulação de aço de 2,8 metros de diâmetro e 7,5 km de extensão. Receberá os esgotos de interceptores e emissários de toda a Bacia do Rio Pinheiros, que serão encaminhados à ETE Barueri, removendo da bacia 90% de sua carga poluidora.

Das estações de tratamento são liberados dois tipos de resíduos: um líquido e um sólido. O líquido é a chamada água de reuso. É uma água não-potável que é usada pelas indústrias para o resfriamento das máquinas e também para lavar as ruas do município de São Paulo nos dias de feira. O resíduo sólido é um lodo que é mandado para aterros sanitários. Estão sendo feitos testes para esse resíduo virar adubo em áreas de reflorestamento.

Conforme Santana, dentro da segunda etapa do projeto foi contratada uma consultoria para o monitoramento dos córregos para avaliar se o trabalho está produzindo os resultados esperados. É emitido um relatório periódico para verificação dos resultados obtidos. Com base nas pendências existentes, está-se preparando uma terceira fase do Projeto Tietê.
(Por Valter Leite, Gazeta Mercantil, 24/08/2006)
http://www.gazetamercantil.com.br/integraNoticia.aspx?Param=11%2c0%2c1%2c174793%2cUIOU

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