A apicultura se constitui em importante atividade com grande potencial produtivo no município devido à qualidade florística e ausência de contaminantes.

Bagé, que tem mais de cem apicultores, tem uma produção anual de 300 a 350 toneladas, utilizando mão-de-obra 80% familiar. Todas essas potencialidades foram observadas durante a 1ª Jornada Apícola, realizada no dia 19/08, no salão nobre do Parque de Exposições da “Associação/Sindicato Rural de Bagé”. O evento contou com a presença de mais de 200 pessoas de diversos municípios gaúchos. A primeira edição foi organizada pela Rural, Associação Bageense dos Apicultores e Federação Apícola do Rio Grande do Sul (Fargs).

Durante a jornada, o presidente da Federação Apícola do Rio Grande do Sul e da Confederação Brasileira de Apicultura, José Gomercindo Correia da Cunha, destacou que os investimentos no programa de Florestamento por parte da Votorantim Celulose Papel (VCP) e da Aracruz na região de Pelotas até Bagé vão propiciar a instalação de mais 100 mil colméias. Ele observa que em um prazo de quatro anos o Rio Grande do Sul atingirá a produção de 11 mil toneladas/ano. Hoje, são produzidas anualmente no Estado sete mil toneladas de mel, enquanto em todo Brasil 40 mil toneladas/ano. O presidente comenta que o Rio Grande do Sul é o maior produtor apícola do país. “O RS tem hoje 12 mil apicultores, envolvendo mais de 80 mil pessoas, que são os grupos familiares, na cadeia”, ressalta Cunha ao destacar que existe uma capacidade de triplicar os 20 quilos/ano de mel, no momento em que forem realizados treinamentos, capacitações, firmar parcerias com setor público e privado e ocorrer adequação com as tecnologias. O palestrante ainda observa que os gaúchos utilizam apenas 15% do pasto apícola, tendo muita capacidade de crescimento da produção sempre com enfoque na qualidade.

Assuntos em pauta
Cunha, que também foi nomeado pelo Ministro da Agricultura e Abastecimento, para presidir a Câmara Setorial da Apicultura no país, com quatro reuniões ao ano, informa que durante a Expointer, em Esteio, será instalada a Câmara Setorial gaúcha. Entre as demandas já elencadas para este novo grupo, estão levantar o embargo ao mel brasileiro pela comunidade européia e o Ministério da Agricultura fazer adequação dos laboratórios oficiais de análises. Outra temática que será levada em pauta, segundo Cunha, é a inclusão do mel na merenda escolar e também garantia de venda para a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O presidente destaca que o mel tem alto teor nutritivo.

O presidente da Associação dos Apicultores, Arlei Jardim, avalia de forma positiva o evento realizado no sábado, devido ao número expressivo de participantes de diversos municípios e o alto nível das palestras. Ele observa que esse encontro foi importante para responder alguns questionamentos dos produtores no que se refere aos problemas enfrentados como perdas de enxame e a baixa produtividade. Jardim comenta que a grande expectativa da entidade agora é de conquistar a inspeção federal, que já está em tramitação, o que garantirá a expansão das vendas, com potencialidades para atingir o mercado externo.

Uruguaio aborda Manejo das Colméias
Um dos destaques da Jornada Apícola foi a palestra sobre Manejo Inteligente das Colméias nos Campos Nativos da Campanha, abordada pelo engenheiro agrônomo e perito apícola, Gustavo Zapata. Ela integra a Sociedade Apícola Uruguaia (ROU). Em sua explanação destacou a importância dos apicultores promoverem a profissionalização deste setor. Ele destaca a importância dos apicultores acompanharem o desenvolvimento do setor, conhecendo a florada, períodos e carências nutricionais. Zapata salienta a necessidade de aproveitar as diversas floradas com planejamento estratégico e aplicando tecnologias adequadas como troca de rainhas, cera, desenvolvendo um plano de sanidade. “O apicultor deve estar atento às condições climáticas que vão influenciar na qualidade do mel”, ressalta.
(Jornal Minuano, 23/08/2006)
http://www.jornalminuano.com.br/noticia.php?id=8021