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etanol tecnologia solar
2006-08-24

Depois da bolha da internet, agora é a vez da bolha das energias alternativas. Nos Estados Unidos, o galão do etanol no atacado está batendo em US$ 4, o que dá quase o dobro do preço da gasolina. Novas empresas de energia solar estão pipocando e corporações tradicionais, como a Wal-Mart, adotam políticas maciças de combustíveis limpos. "É um novo filão de investimentos, de empreendedores, de venture capital", diz Christopher Flavin, presidente da ONG Worldwatch Institute, o WWI, um nome forte da área ambiental no mundo. "As mesmas pessoas que colocavam seu dinheiro no Google, há cinco anos, estão apostando agora nas energias renováveis."

Flavin, um dos maiores especialistas internacionais em energias alternativas, está no Brasil para dar palestras na USP e na Unicamp e visitar as usinas de álcool no interior de São Paulo. Em reuniões com empresários e executivos do setor financeiro, ele tentará transformar a pauta ambiental em PIB.

Ele traz alguns trunfos na manga. "Sabem qual o ramo de negócios do homem mais rico da China"? Pergunta aos interlocutores. "Energia solar." E dá o exemplo da Suntech Power, de Zhengrong Shi, que foi à Austrália estudar células fotovoltaicas, voltou e abriu uma empresa na hora e no lugar certos. Exporta para o Japão e a Alemanha e, no ano passado, abriu o capital. "Vale US$ 2 bilhões", diz Flavin.

É surpreendente que a maior fortuna da China esteja calcada na energia solar, num país em que o carvão responde pelo filão da matriz energética. "Grandes acumulações de riqueza indicam para onde a economia vai no futuro", anima-se Flavin. Foi assim, lembra, com Bill Gates, nos anos 80/90. Foi assim com John D. Rockfeller, o magnata do petróleo em uma época em que não havia carros nas ruas.

Um exemplo contemporâneo é o da noruguesa ScanWafer, que Flavin conheceu há dois anos, quando a jovem empresa estava só "florescendo" no setor de energias renováveis. Este ano, a companhia abriu o capital. "Foi uma operação de US$ 7 bilhões, a maior oferta inicial de ações desde que a Noruega vendeu sua companhia estatal de petróleo, há 20 anos." Na Espanha, uma lei recente torna obrigatória aos novos edifícios dispor de energia solar. "Estudos mostram que os telhados de muitas cidades, com placas de energia solar, seriam suficientes para prover metade da energia consumida."

Nos EUA, os mercados verdes do etanol e da energia solar "são praticamente uma licença para imprimir dinheiro, de tão lucrativos", diz o presidente do WWI. Nestes dois ramos, uma empresa nova paga seu capital em dois anos. Isto se a iniciativa acontecer agora. "Este é o momento da decolagem desta bolha energética", diz ele. Claro que o setor está superaquecido. "Mas quando a bolha da internet estourou, a rede não sumiu", continua. "O que ocorreu foi uma fase diferente de crescimento."

Até agora, o boom das energias renováveis é arrebatador. De 2000 a 2005, a produção mundial de etanol - que tem EUA e Brasil como os principais nomes - duplicou, saltando de um patamar de 20 bilhões de litros para quase 40 bilhões, segundo dados do WWI. Este ano, as previsões dizem que, pela primeira vez na história, os EUA superarão o Brasil na produção de etanol. Os americanos produzirão algo próximo a 20 bilhões de litros, tendo o milho por base, e a produção brasileira, estruturada na cana de açúcar, chegará a cerca de 18 bilhões. "É o tipo de competição que eu gosto de ver", diz ele.

Os saltos são ainda maiores na produção mundial de biodiesel, embora aqui os volumes sejam bem menores. A energia produzida via óleos vegetais ou gordura animal cresceu 60% no mundo, em 2005. "Logo teremos carros cheirando a restaurante chinês ou a batata frita", brinca.

O ânimo de Flavin desce vários degraus quando o tema é o Acordo de Kyoto e a política do deixa-disso adotada pelo governo americano. "Este governo [Bush] não vai mudar sua posição em relação a Kyoto. Temos que esperar o próximo governo para fazermos a coisa certa", acredita. "Este é um presidente muito teimoso."

O alento vem dos esforços localizados dos governos estaduais, puxados pela Califórnia e com reflexos nas políticas do Oregon, Massachusetts, Nova York, Maryland e Nova Jersey. E de empresas como a Wal-Mart, que anunciou um plano para reduzir drasticamente as emissões com a utilização de biocombustíveis, plantando árvores e insistindo para que os fornecedores façam o mesmo.

Flavin tinha vindo ao Brasil em outubro passado, antes da questão do gás entre Brasil e Bolívia. "Para mim, este fato lembra que o Brasil deveria investir mais em energias renováveis e não tão pesadamente em gás natural", diz. "Pode parecer um investimento mais caro no início, mas é mais estável e mais econômico no longo prazo."

Biocombustíveis, continua, ao contrário das concentrações de riquezas clássicas dos países onde há petróleo, são mais democráticos. "São commodities agrícolas que se espalham pela economia, não se concentram. E podem ser produzidas internamente, não precisam ser importadas."

(Clima.org.br/ Valor Online, 23/08/2006)
http://www.carbonobrasil.com/noticias.asp?iNoticia=14647&iTipo=6&idioma=1


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