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2006-08-24
O etanol ainda não conseguirá ser a solução para substituir o petróleo nos próximos 20 anos. A avaliação é do UBS, que terça-feira (22/07) publicou seu relatório sobre o consumo de recursos naturais no mundo. Segundo o maior banco suíço, o etanol na melhor das hipóteses somente conseguirá abastecer 10% dos carros no mundo em 2020. Segundo os analistas do banco, um mercado internacional de etanol também seria algo difícil de ser criado nas próximas duas décadas diante do volume de subsídios e impostos de importação sobre o produto.

Atualmente, a produção de etanol é de pouco menos de 10 bilhões de galões por ano. Em 2020, essa produção ultrapassaria a marca dos 30 bilhões de galões. Apesar do aumento significativo, os números ainda seriam baixos em comparação ao consumo mundial de gasolina apenas usada para veículos. Em 2005, por exemplo, a demanda era de 320 bilhões de galões. O etanol, portanto, representava apenas 3% do combustível usado nos veículos. Para 2020, mesmo se não houver um aumento no consumo, o que o banco acredita ser improvável, o etanol responderia por apenas 10% dos veículos.

Para acelerar esse crescimento, considerado lento pelo UBS, os analistas defendem mais investimentos no desenvolvimento tecnológico, como o de transformar a celulose de certos produtos. Atualmente, a produção de cana-de-açúcar (no Brasil) ou milho (nos Estados Unidos), duas matérias-primas para fabricação de álcool, fica refém de condições climáticas. Outro problema é a necessidade de terras aráveis, o que o banco considera que aumentaria o custo de produção em algumas regiões do mundo onde a terra é escassa. Para os analistas, a necessidade de terra "limitaria o potencial da produção de etano".

Quanto à criação de um mercado internacional, um dos objetivos do Brasil, o UBS alerta que vários obstáculos teriam de ser enfrentados. O primeiro deles é o fato de a produção de etanol exigir subsídios significativos em vários países, o que poderia distorcer os mercados e impossibilitar o comércio. Outro problema é a existência de altas taxas de importação para tais produtos, o que exigiria negociações amplas com vários países para que um mercado fosse de fato estabelecido.
(Estadão, 23/08/2006)
http://www.estadao.com.br/agronegocios/noticias/2006/ago/23/191.htm

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