Pode não ter sido a resposta esperada pelas superpotências, mas o Irã conseguiu ganhar
mais tempo. O diplomata Ali Larijani, encarregado das negociações envolvendo o programa
nuclear do país, anunciou ontem (22/08) que seu governo está pronto para ingressar em "negociações
sérias" a partir de hoje e solucionar de uma vez o impasse em torno de suas atividades de
enriquecimento de urânio.
Ele não deixou claro se o Irã aceitou a exigência ocidental de suspender suas atividades
de enriquecimento de urânio no decorrer das negociações. Também não foram divulgados
detalhes da resposta iraniana ao pacote de incentivos apresentado em junho por Alemanha,
China, EUA, França, Grã-Bretanha e Rússia. De acordo com a TV estatal iraniana, Larijani
entregou a resposta em mãos aos embaixadores durante reunião realizada ontem em Teerã.
Representantes europeus não responderam imediatamente sob a alegação de que teriam de
estudar a resposta iraniana. O embaixador americano na Organização das Nações Unidas (ONU),
John Bolton, também sugeriu que a resposta iraniana seria "estudada cautelosamente" e, mais
uma vez, ameaçou sanções contra Teerã, caso a resposta não seja considerada "positiva".
De acordo com fontes ligadas às negociações, o governo iraniano ofereceu aos embaixadores
estrangeiros uma "nova fórmula" para solucionar o impasse referente a seu programa nuclear.
- O Irã ofereceu uma resposta na íntegra ao pacote ocidental. Além disso, em sua resposta
formal, pediu o esclarecimento de algumas questões - revelou um diplomata sob condição de
anonimato.
No início de junho, Alemanha, China, Estados Unidos, Grã-Bretanha, França e Rússia
ofereceram ao Irã um pacote de incentivos para que o país abandone as atividades de
enriquecimento de urânio e receba em troca tecnologia avançada, reatores de pesquisa
nuclear e a suspensão das sanções americanas. A crise se deve a suspeitas de que o
programa nuclear do Irã seja voltado para a construção de bombas atômicas.
(
Zero Hora, 23/08/2006)