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2006-08-23
Que regalia que nada. Ou alguns animais do Zoológico de Brasília recebem cuidados especiais durante o período de seca ou podem até morrer. Para garantir o bem estar dos três chipanzés, do casal de orangotangos, dos micos e das aves que não têm o cerrado como bioma natural, a equipe de veterinários do zôo se esforça para deixar o ambiente dos bichos o mais agradável possível e prepara dietas específicas para esta época do ano.

Todo ano é assim. Quando a umidade do ar começa a ficar abaixo dos 40%, é sinal de que está na hora de mexer na alimentação dos bichos. A prioridade passa a ser as frutas ricas em líquido, como a melancia. As garrafas pet com sucos viram a refeição mais esperada pelos mamíferos. Se necessário, ainda é acrescentado no cardápio o Ômega, complexo de nutrientes que, nesse caso, serve para ajudar a manter a pele dos animais em bom estado.

E não acaba por aqui. Duas vezes ao dia, por meia hora, os micos e as aves curtem uma chuva artificial. A água sai de uma espécie de umidificador. “Se não fosse assim, as aves, por exemplo, ficariam muito estressadas com o calor e acabariam arrancando as próprias penas”, explica a veterinária que dirige o Departamento de Conservação e Pesquisa do Zoológico, Tânia Borges. A baixa umidade do ar afeta a imunidade dos bichos e pode provocar doenças.

O diretor-presdiente do zôo de Brasília, Raul Gonzales Acosta, diz que a mudança de rotina por conta da seca passa longe de ser encarada como mordomia para os animais. “Quando nós, humanos, estamos sofrendo com a seca, podemos entrar debaixo do chuveiro, tomar água. Os animais, não. Aqui eles dependem da gente para sobreviver”, comenta Gonzales.

Mas não são todos que exigem trabalho redobrado entre os meses de maio e setembro. É o caso dos hipopótamos. Eles não estão nem aí para a seca. Só saem da água quando querem se alimentar. Para as ariranhas, a seca também não faz a mínima diferença. Apesar de dormirem em tocas, passam a maior parte do tempo se refrescando nos piscinões. Girafas e elefantes são outros animais que não se incomodam. Estão bem acostumadas a conviver com as variações climáticas próprias do cerrado.

Mesmo com as dificuldades de algumas espécies em lidar com a seca, Gonzales garante que não há animal que não tenha condições de ser criado no zôo de Brasília. Em 1993, cinco pingüins encontrados no litoral de Santa Catarina foram parar na capital federal, onde viveram cinco meses. “Só morreram por causa das doenças que já tinham. O clima não teve influência”, afirma.
(Correio Braziliense, 22/08/2006)
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