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2006-08-22
No nordeste da província canadense de Alberta a mineração a céu aberto desnuda florestas e solos para alcançar um petróleo viscoso e com aspecto de melado, misturado com areia e argila e entre 40 e 60 metros abaixo da superfície. Quarenta por cento da área são formados por mangues, sendo que alguns deles foram drenados e rios desviados para impedir a inundação das minas. Ali se encontra um dos mangues mais espetaculares do mundo e, apesar de sua reconhecida importância ecológica, as autoridades prevêem que esse lugar será usado para exploração mineira a céu aberto.

O Complexo de Mangues do Lago McClelland fica cerca de 120 quilômetros ao norte do povoado de areias negras de Fort McMurray, em Alberta. Compreende o lago, 12 desaguadouros e um pântano muito bonito, antigo e intrincado. A área abriga numerosas plantas exóticas, incluídas cinco espécies que se alimentam de insetos. Cientistas como Richard Thomas consideram que o pântano é um patrimônio natural de nível mundial. “O holocausto ecológico que sofre o Pântano McClelland concentrará a atenção do mundo”, alertou Thomas, membro da Associação Vida Silvestre de Alberta (AWA), em uma declaração escrita.

Devido à sua importância ecológica, o mangue foi uma zona proibida à mineração até que uma empresa petrolífera pressionou com êxito importantes políticos da província, no final dos anos 90, segundo Ian Urquhart, cientista político da Universidade de Alberta e porta-voz da AWA. Agora, 40% do pântano e 50% de todo o complexo serão destruídos por atividade de mineração. Apenas 0,1% (4,13 quilômetros quadrados) dos 3.450 quilômetros quadrados de areias negras na região passível de exploração mineração de Fort Hills contarão com proteção.

“Tentamos garantir proteção para uma área de 200 quilômetros quadrados que incluem o complexo e as terras vizinhas, como uma barreira, sem considerar muito o tamanho” dessa superfície”, disse Urquhart à IPS. Entretanto, a preservação ambiental está longe das preocupações das autoridades. No final do outono (boreal) passado, o governo de Alberta iniciou uma polêmica pública quando divulgou seu programa “Mineable Oil Sands Strategy” (Estratégia de areias petrolíferas passíveis de exploração mineira). O documento indica que milhares de quilômetros quadrados de florestas e mangues com areias negras abaixo do solo serviam para extrair petróleo.

Pela primeira vez, o governo dizia abertamente que dava como perdidos mais de três mil quilômetros quadrados de natureza em favor do petróleo, disse Urquhart, que escreve um livro sobre as areias com alcatrão. Essa foi a política do governo, não declarada, mas, de fato, desde que começaram as explorações das areias negras no final dos anos 60, acrescentou. O crescente mal-estar pela velocidade, escala e impacto do desenvolvimento petrolífero causou extensos protestos públicos em torno do documento. Um ano depois de sua publicação, começou uma avaliação da estratégia que envolve a indústria, o público e organizações não-governamentais.

As empresas de petróleo gastaram milhões de dólares plantando pasto e árvores em terras antes usadas para mineração, com a intenção de reclamar sua concessão, disse Greg Stringham, vice-presidente da Associação Canadense de Produtores de Petróleo. “Vinte e dois por cento da terra explorada por Syncrude e Suncor (duas das maiores empresas dedicadas às areias com petróleo) foram reclamados”, acrescentou. Mas embora agora cresçam árvores al redor de cinco mil hectares de terra usada para mineração até 40 anos atrás, nenhum ecologista chamaria essas terras restauradas de “florestas boreais”, disse Urquhart. “É impossível recriar o ecossistema boreal”, garantiu.

As companhias nem mesmo tem de fazer a tentativa de restaurar a floresta boreal. Tudo o que precisam é acertar as coisas para que no futuro a terra possa ser usada para outros fins. Apesar disso, nem um hectare foi reclamado oficialmente, segundo o governo de Alberta. Os mangues podem não voltar nunca. Um documento estima que quase 10% dos mangues da região terminarão eliminados permanentemente da paisagem, apesar das tentativas de protestos.

Embora Alberta ocupe uma enorme superfície, de 661.848 quilômetros quadrados, habitados por apenas 3,3 milhões de pessoas, o corte industrial e o desenvolvimento da indústria do petróleo e do gás reduziram suas vastas florestas para menos de 40% de sua extensão original, segundo recente estudo da organização Global Forest Watch Canadá. O alcance desta perda é comparável à da selva amazônica, disse a organização. O estudo revelou que boa parte da floresta remanescente está muito fragmentada pela atividade industrial, o que teve impacto negativo nas manadas de renas selvagens e ursos pardos. A maioria das manadas de renas se reduziu ou está ameaçada de extinção total, incluídas aquelas na região das areias negras de Athabasca, no centro-ocidente do Canadá.

Esses animais, junto com linces e alguns pássaros selvagens, são particularmente sensíveis às alterações produzidas pelo homem, afirmou Schneider. “Até agora, ninguém quantificou o impacto do desenvolvimento industrial destas espécies”, acrescentou. Os estudos chegaram tarte e têm mais a ver com a maneira para adaptar as técnicas de mineração para minimizar o dano sobre as espécies do que com a possibilidade de não realizar essas atividades, disse Urquhart. E será difícil para a ciência manter-se em dia. “O ritmo de desenvolvimento das areias negras é absolutamente frenético”, ressaltou.
(Envolverde, 21/08/2006)
http://www.envolverde.com.br/materia.php?cod=21448&edt=1

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