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2006-08-22
O petroleiro que afundou há 10 dias no litoral das Filipinas e que causou a maior maré negra na história do arquipélago voltou a vazar petróleo hoje, o que ameaça agravar a catástrofe ecológica. Enquanto os trabalhos de limpeza do petróleo no estreito de Guimarães (500 quilômetros ao sul de Manila) continuam e o Governo filipino pede ajuda a vários países, o casco do Solar I, onde ainda permanece grande parte dos 2 milhões de litros de petróleo que transportava, começou a vazar de novo nesta madrugada.

Cerca de 200 litros de petróleo por hora saem dos tanques do navio, disse à televisão filipina o chefe do serviço de guarda costeira filipino, o vice-almirante Arturo Gosingan. Desde que o Solar I naufragou, dia 11 de agosto, devido ao mau tempo, o mar e a costa têm sido poluídos pelo equivalente a cerca de 1.500 barris de petróleo. A embarcação transportava uma carga equivalente a 12.600 barris.

O pteroleiro se encontra a cerca de 900 metros de profundidade. As autoridades filipinas ainda não decidiram se vão tentar trazer o navio de volta à tona ou extrair o petróleo restante de seu interior. "Nenhuma limpeza será suficiente. Não podemos dormir enquanto o petroleiro estiver no fundo do mar", disse à imprensa o comandante da guarda costeira Harold Jarder, que dirige os trabalhos de limpeza do petróleo na região mais afetada.

A maré negra já causou prejuízos ambientais ao longo de 300 quilômetros do litoral da ilha de Guimarães, famosa por suas reservas marinhas e destino turístico por suas paradisíacas praias. Também acabou com o meio de vida de milhares de pescadores e com as plantações locais. A organização ecologista Greenpeace, que estava nas Filipinas com o navio Esperanza, como parte de uma campanha mundial contra a poluição marinha, avisou ao Governo filipino que o desastre demorará anos para ser remediado, e ofereceu sua ajuda.

O Esperanza chegou ao estreito de esta semana. A sua tripulação, trabalhando com técnicos da Universidade de Visayas, está trabalhando para criar barreiras nas áreas mais ameaçadas da reserva marinha de Taklong, utilizando materiais como bambu. Segundo o Greenpeace, o arquipélago filipino é reconhecido pela comunidade científica como um dos centros mundiais da biodiversidade marinha. Mas também é um dos mais ameaçados, e o perigo de sua extinção é semelhante ao das florestas tropicais do Brasil.

O Greenpeace pediu ao Governo filipino que declare o estado de calamidade nas áreas afetadas. "Embora possamos limpar a contaminação visível até certo ponto, os efeitos tóxicos a longo prazo podem matar mangues e corais e afetar a rica biodiversidade marinha e as vidas dos habitantes locais durante muitos anos", disse Janet Cotter, da organização ambientalista.

Uma porta-voz da empresa Petron, dona do petróleo que era transportado de uma refinaria na província de Bataan, perto de Manila, para Zamboanga, no sul do arquipélago, negou hoje que o petróleo restante no navio possa vazar. No entanto, o vice-almirante Gosingan afirmou que não há dúvida do fato.

O Ministério do Meio Ambiente e Recursos Naturais estuda processar a Petron e a transportadora Sunshine Maritime pelo vazamento. A primeira medida será cobrar das duas empresas o depósito de uma fiança milionária para pagar os trabalhos de limpeza. O serviço de guarda costeira filipino informou hoje que especialistas dos Estados Unidos e Japão chegarão hoje para ajudar a combater a maré negra.
(EFE, 22/08/2006)
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