Mato Grosso terá Centro de Execelência em pesquisa de biocombustíveis
2006-08-22
O Mato Grosso terá um Centro Internacional de Excelência em Biocombustíveis (CIEB), responsável pelo desenvolvimento de pesquisas
destinadas a subsidiar o setor produtivo, tanto na formação de
recursos humanos para toda a cadeia produtiva do biodiesel e do
etanol, como no aprimoramento da tecnologia.
Em reunião ontem (21/8), no Palácio Paiaguás, a criação do
CIEB foi discutida entre secretários de Estado, dirigentes da
Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e representantes do setor
produtivo de biocombustível e do Ministério de Ciência e Tecnologia
(MC&T). A reunião foi conduzida pelo secretário-chefe da Casa Civil,
Antônio Kato, que representou o governador Blairo Maggi.
O Centro será implantado na UFMT, que já desenvolve estudos nessa
área e é considerada referência em pesquisas de biodiesel, tendo
promovido uma tecnologia revolucionária e mundialmente inédita para
produção desse tipo de combustível.
O Estado domina o sistema de processamento do B-2 e B-5 (mistura de
biodiesel ao óleo diesel a 2% e 5%, respectivamente) e em estágio
mais avançado, também tem direcionado experimentos para o uso da
mistura B-20 (mistura de biodiesel a 20%). O desenvolvimento dessas
pesquisas, que pôs o Estado à frente no setor de pesquisa, foi
possível graças ao desenvolvimento de estudos partilhados entre a
UFMT, Universidade Estadual de Mato Grosso e apoio da Fapemat e do
MC&T.
O secretário de Desenvolvimento Tecnológico, do Ministério da Ciência
e Tecnologia, Luiz Antônio Elias, que conheceu na UFMT o laboratório
de produção de biodiesel, destacou a importância do trabalho conjunto
que deve envolver o poder público e a iniciativa privada. Elias
enfatizou ainda o trabalho que o Ministério irá desenvolver junto com
a universidade e o Governo do Estado para fortalecimento e ampliação
do programa de pesquisas de biocombustíveis.
“Mato Grosso reúne todas as condições necessárias para a
operacionalização do CIEB e para a avançar e melhorar o controle de
qualidade do biodiesel”, afirmou o secretário, destacando também que
o trabalho na área será articulado com outros ministérios e cadeias
produtivas para o aparelhamento do laboratório, de forma a ampliar a
qualidade do que será produzido e vendido em Mato Grosso.
Conforme lembrou o coordenador do Centro de Pesquisas, professor
Paulo Teixeira, Mato Grosso só tende a avançar nessa área, pois é um
grande produtor de matérias-primas para biocombustíveis. Ele previu
que até 2008 o Estado será capaz de produzir cerca de 200 milhões de
litros de biodiesel.
A UFMT já conta com um laboratório de análise de combustíveis,
credenciado pela Agência Nacional de Petróleo, que desenvolve
pesquisas sobre a qualidade do álcool, diesel e gasolina
comercializados no Estado.
O próximo passo, segundo afirmou o reitor da universidade, Paulo
Speller, é desenvolver análises também com biocombustíveis. Speller
reforçou também que a vocação de Mato Grosso na produção de
matéria-prima para o biocombustível reforça a implantação do centro
de pesquisas que atenderá as demandas do setor produtivo.
“Já temos tecnologia de ponta e reunimos todas as características
para desenvolver pesquisas nesse setor que avança em nosso Estado e
as parcerias são fundamentais para que o centro também avance”,
afirmou o reitor, ao ressaltar a parceria a ser firmada com a
Universidade Estadual de Mato Grosso para pesquisas no campi de
Barra do Bugres, município onde está sediada uma das três usinas de
biodiesel em funcionamento no Estado.
Incentivo
Dentro das políticas públicas do Estado de incentivo à produção de
biocombustível, a secretária de Estado de Ciência e Tecnologia, Ilma
Grisoste, destacou o Programa de Biodiesel do Estado de Mato Groso
(Probiomat), que desenvolve junto com as universidades, com
financiamentos garantidos pela Fapemat pesquisas que possam comprovar
a viabilidade econômica, social e produtiva do biodiesel.
O mercado promissor chama a atenção também pelo número de propostas
encaminhadas à Secretaria de Indústria, Comércio, Minas e Energia
para financiamentos junto ao Fundo Constitucional do Centro-Oeste.
Segundo o secretário Alexandre Furlan, as cartas-consulta para
projetos envolvendo o mercado do biocombustível crescem a cada dia, o
que somente reforça o interesse de investimentos no setor e a demanda
apresentada.
Mercado
Segundo dados do Departamento de Combustíveis Renováveis do
Ministério de Minas e Energia, atualmente 15 dos 27 Estados
brasileiros estão com projetos de investimentos em usinas de
biodiesel representando uma capacidade de produção em torno de 1,8
bilhão de litros por ano. Esse mercado só tende a avançar mais, uma
vez que a demanda aumentará com a obrigatoriedade de adição de 2% de
biodiesel ao óleo diesel, a partir de 2008, e 5%, a partir de 2013.
Em Mato Grosso há três usinas em funcionamento, duas delas com
capacidade de produzir, cada uma, 57 milhões de litros. Uma está em
Barra do Bugres e a outra em Lucas do Rio Verde, em região
tradicional na produção da soja, que será a principal matéria-prima
para o biodiesel nacional.
Para o diretor-presidente da usina de Barra do Bugres, João Petroni,
o produto de grande aceitação internacional, já largamente utilizado
na União Européia e começando a expandir no Brasil, também incentiva
o crescimento da agricultura familiar, uma vez que a empresa compra
matéria-prima de pequenos agricultores e estimula o plantio de
sementes junto aos municípios.
Além desses empreendimentos em prática, há outras duas usinas em fase
de implantação e diversos projetos em andamento. Um deles, em
Rondonópolis, pertence a multinacional ADM, cuja fábrica usará óleo
de soja como matéria-prima e estará competitivamente posicionada para
atender à demanda de biodiesel dos produtores rurais e dos setores
ligados ao transporte rodoviário e ferroviário.
Meio ambiente
Atualmente, Mato Grosso consome 2,7 bilhões de litros de combustível
por ano. Desse total, 2 bilhões são gastos somente na atividade
agrícola. Com a produção de biodiesel, os produtores vão adquirir um
combustível mais barato e menos poluente. O biodiesel é produzido a
partir de óleos vegetais ou gorduras animais e é apontado como uma
alternativa ao óleo diesel, produto derivado do petróleo. Por ser um
combustível que não polui o meio ambiente e como fonte de energia
renovável, é tido como uma solução de problemas ambientais, como o
efeito estufa e a poluição das grandes cidades.
O biodiesel pode ser produzido a partir de gorduras animais ou de
óleos vegetais, existindo dezenas de espécies vegetais no Brasil que
podem ser utilizadas, tais como mamona, dendê (palma), girassol,
babaçu, amendoim, pinhão manso, soja e outras.
Participaram também da reunião os secretários de Estado de
Desenvolvimento Rural, Clóves Vettorato, o secretário-adjunto da
Sicme, José Epaminondas, a diretora-técnica da Fapemat, Flávia
Nogueira, o superintendente do Banco do Brasil, Renato Barbosa, e o
do Basa, Paulo Henrique Cavalcante.
(Por Raquel Teixeira,
Governo do Mato Grosso, 21/08/2006)
http://www.secom.mt.gov.br/conteudo.php?sid=13&cid=26683&parent=0