Estudo da UFSC mostra que demanda de energia solar é menor que a oferta
2006-08-21
Em tempos de estiagem, não é apenas o abastecimento de água que fica comprometido, mas o de energia elétrica também. No Brasil, mais de 80% da energia elétrica são obtidos de forma hidráulica (com água). Os pesquisadores desenvolvem novas fontes de geração de energia, como eólica e solar. Mas a grande questão é saber até que ponto, a energia solar, por exemplo, pode substituir a elétrica. Estudo realizado por pesquisadores dos Laboratórios de Eficiência Energética em Edificações (Labeee) e de Energia Solar (Labsolar), ambos da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), buscou esta resposta.
O resultado será apresentado no 11º Encontro Nacional de Tecnologia do Meio Construído (Entac), de 23 a 25 de agosto, em Florianópolis, com o tema "Construção do futuro". No trabalho, os pesquisadores analisaram a viabilidade da utilização da energia solar nas cidades de Florianópolis, Brasília e Manaus. Criaram, por meio de computação, protótipo de prédio residencial, de quatro andares, com quatro apartamentos por andar. Segundo o engenheiro civil Martin Mizgier, do Labeee, o protótipo representa 15% dos tipos de apartamentos utilizados pela classe média brasileira. As residências são responsáveis por 21,9% do consumo de energia elétrica do País.
O estudo apontou que, mesmo em condições desfavoráveis, de menor disponibilidade de radiação, nas três cidades a demanda por metro quadrado é menor que a energia solar disponível. Para a casa-modelo estudada, este percentual fica acima de 30% das horas do ano, fornecendo o excedente de energia elétrica para a rede.
Pesquisa anterior, realizada em 2004, em Florianópolis, já mostrava que em média 51% do consumo de energia elétrica poderiam ser supridos por meio de energia solar. "Verificamos que à noite o consumo de energia é maior, mas também há períodos do dia em que a energia gerada é maior do que a consumida. Neste caso, a edificação poderia vender essa energia para a rede", comenta o pesquisador.
A tecnologia de aquecimento solar está presente no Brasil desde a década de 60. Estimativas apontam que haja mais de 500 mil coletores solares instalados no País. Eles não geram energia elétrica, apenas servem como aquecedores, o que provoca economia de energia. A geração de energia solar é feita por meio de sistema fotovoltaicos, que é extremamente caro. Em todo o mundo, há pouco mais de meia dúzia de indústrias que fabricam as células para o sistema, com viabilidade econômica. "A energia solar não é tecnologia cara, mas ainda é pouco difundida", argumenta Mizgier.
A simulação mostrou também que, para as três cidades em estudo, as semanas com mais demanda de uso ocorrem nos meses de janeiro e fevereiro - período de verão no hemisfério Sul e meses em que ocorrem os maiores níveis de radiação solar em cada uma das localidades. Mesmo para Florianópolis, cidade de maior índice de variação da radiação solar, o estudo indica que nos horários de pico de carga da edificação (entre 17 e 18 horas), ainda existe boa disponibilidade de radiação solar.
(A Notícia, 21/08/2006)
http://portal.an.uol.com.br/2006/ago/21/0ger.jsp