Brasil é o sétimo plantador de floresta
2006-08-21
A preocupação com a preservação de florestas nativas tem se tornado cada vez mais importante. Existem bons motivos para plantar a árvore que se pretender cortar no futuro: manter as florestas nativas em pé e garantir o aproveitamento comercial em pouco tempo de plantio. Assim, evitam-se novos impactos ambientais e é possível preencher campos já devastados na região. A Associação Brasileira de Produtores de Florestas Plantadas (Abraf) divulgou, recentemente, um relatório que mostra que o Brasil ocupa atualmente a sétima posição no ranking dos países plantadores de florestas.
De todo o território nacional, 5,5 milhões de hectares são de plantios florestais, principalmente de pinos e eucaliptos.
Só em 2005, foram plantados mais de 550 mil hectares de florestas. O número é 19% superior a 2004. Antonio Pagliari, diretor administrativo da Tramontina, empresa que faz parte da Associação das Indústrias Exportadoras de Madeira do Estado do Pará (Aimex), explica que o plantio de florestas traz muitos benefícios. Em Aurora do Pará, no nordeste do Estado, por exemplo, a empresa ainda não colhe o que plantou em mil hectares, mas já faz o desbaste - corte das árvores menores, para que as maiores tenham um melhor crescimento. “O clima melhorou muito no município. A área que é utilizada para o plantio de florestas recupera a fauna e a flora, além de diminuir a pressão nas florestas nativas”, explica.
O processo em Aurora do Pará iniciou em 1991 para cumprir as cotas e exigências do Ibama, que determinava o pagamento de uma taxa para quem comprasse toras de outra empresa ou a reposição florestal para se isentar desse encargo. “Como na época comprávamos toras de outra empresa, optamos pelo reflorestamento, depois de entender o processo, saber dos benefícios para o meio ambiente e para a própria empresa. Assim, iniciamos o plantio com o objetivo de ter uma colheita mais rápida”, explica Pagliari.
O último levantamento feito pela Aimex, em março deste ano, constatou que 108 mil hectares de florestas foram plantados pelos associados, como o Grupo Concren e Tramontina, Pampa Exportações, Eidai, Cikel, etc. O primeiro e mais importante resultado das florestas plantadas é percebido no meio ambiente: as áreas reflorestadas colaboram para minimizar o aquecimento global.
Agentes de equilíbrio do clima
As florestas cultivadas consomem mais gás carbônico (CO2) do que as florestas nativas, contribuindo para redução do efeito estufa no planeta. Elas funcionam como agentes de equilíbrio do clima. “No Brasil, cujo consumo anual de madeira - para todos os fins - é estimado em 250 a 300 milhões de m³, cerca de 30% são oriundos de plantações, que ocupam apenas cinco milhões de hectares”, ressalta Evaristo Terezo, engenheiro florestal. “É importante falar dos produtos oriundos de florestas plantadas, porque isso já é uma realidade no Pará. Já temos mais de 100 mil hectares de reflorestamento, alguns em plena produção”, destaca Justiniano Netto, diretor executivo da Aimex. Dados da Sociedade Brasileira de Silvicultura (SBS), entidade que congrega empresas que cultivam áreas de reflorestamento, mostram que um terço dos 300 milhões de m³ de madeira, consumidos por ano no Brasil, vêm de florestas plantadas. Estas ocupam 4,8 milhões de hectares, o equivalente a menos de 0,6% do território nacional.
A maior parte é destinada ao setor de papel e celulose, que sozinho responde por 1,4 milhão de hectares das florestas plantadas no país. A importância do uso e da utilização de florestas plantadas para o mundo será discutido no III Congresso Internacional de Produtos de Madeira Sólida de Florestas Plantadas, realizado pela Abimci (Associação Brasileira de Indústrias de Madeira Processada Mecanicamente), em Curitiba, no período de 20 a 22 de novembro. Por meio de palestras, painéis de discussões e sessões de Pôster, o evento pretende avaliar o quadro atual e as perspectivas para a indústria de produtos de madeira sólida baseada em plantações, além de proporcionar uma oportunidade para identificar e discutir os problemas e as possíveis soluções. “Esperamos que no futuro esse evento possa acontecer em Belém, dando destaque para o potencial que temos na área de reflorestamento e divulgando as espécies nativas, como o paricá e a sumaúma, que tem demonstrado excelente resultado no campo”, completa Netto.
(Por Fabíola Batista, Diário do Pará, 20/08/2006)
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