Secas na Amazônia serão mais freqüentes, diz grupo
2006-08-18
A seca recorde de 2005, que deixou partes da Amazônia em estado de calamidade, não foi um evento extremo isolado e sim uma amostra do que o futuro reserva para o clima da região. A conclusão é de pesquisadores do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e do Escritório de Meteorologia britânico, em Exeter.
Modelos climáticos em computador construídos pelo grupo sugerem que o evento do ano passado, cuja origem está em um aquecimento anormal das águas do Atlântico (a mesma raiz dos furacões que devastaram o golfo do México), tende a se repetir nas próximas décadas. "A situação de 2005 será mais freqüente em 2050", disse o climatologista José Marengo, do Inpe, à revista "Nature". O grupo deve finalizar neste mês um artigo científico com os resultados.
Embora os cientistas ainda relutem em atribuir os eventos extremos de 2005 ao aquecimento global, um novo estudo, publicado na "Geophysical Research Letters", afirma que a ligação é direta: a atmosfera mais quente está forçando o Atlântico a temperaturas mais altas. O autor do estudo, James Elsner, da Universidade do Estado da Flórida, analisou 135 anos de registros de tempestades e descobriu que a temperatura do ar pode ser usada para prever o aquecimento das águas, mas o contrário não acontece.
(Folha de S. Paulo, 17/08/2006)
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe1708200603.htm