(29214)
(13458)
(12648)
(10503)
(9080)
(5981)
(5047)
(4348)
(4172)
(3326)
(3249)
(2790)
(2388)
(2365)
2006-08-18
Um rio preto com aparência de morto e que os moradores vizinhos evitam chegar perto. Este é o retrato do rio Jacutinga em Ibiporã, alguns quilômetros abaixo da ponte da PR-90, no acesso a Sertanópolis. O quadro foi levado à Folha por agricultores que, antigamente, tinham costume de se banhar e pescar nas águas claras do Jacutinga.

Em visita ao local na terça-feira (15/08), a reportagem ouviu inúmeros relatos sobre a transformação do rio nos últimos anos. “A água hoje é preta, antes não era assim. Quando ficava suja de chuva, tinha a cor avermelhada e não escura desse jeito”, contou o lavrador, Sebastião Ribeiro, que trabalha na propriedade vizinha ao rio. “Quando cheguei aqui o rio era bem mais claro e tinha muito peixe. Hoje, além de escuro, tem muita espuma”, confirma a dona-de-casa, Dagmar Moreira da Silva, de 24 anos. Ela conta que o filho pequeno e o marido costumavam pescar no local, mas hoje evitam até o contato com a água.

Situação semelhante observa a agricultora, Isabel Ferreira Saldanha, 39, que nasceu em Ibiporã. “Eu conheço esse rio desde pequena, ele nunca foi preto desse jeito. As pessoas falam que a culpa é das empresas aí para cima, eu também acho, mas não posso garantir”, disse.

A reportagem da Folha percorreu a margem do rio no trecho próximo ao Frigorífico Rainha da Paz, Cortume Wyni do Brasil e a represa de tratamento do Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto (Samae) e constatou diversos indícios de poluição. Na margem do frigorífico, foram encontrados três lançamentos no rio um deles com despejo contínuo de grande quantidade de espuma, e os outros dois com volume menor. Além disso, perto da Wyni do Brasil, o solo da mata ciliar entre a empresa e o rio está encharcado por um líquido preto e mau cheiroso. A reportagem teve que interromper o trajeto porque os pés começaram a afundar no lodo negro.

O diretor municipal de Meio Ambiente, Amauri Bianchini, disse que o lançamento próximo à ponte pertence à Samae e tem licença ambiental do IAP. “É a descarga do esgoto depois do tratamento aeróbico e da oxigenação. A espuma é do detergente que não degradou.”

Sobre o problema na mata ciliar da Wyni, ele disse que a empresa alega ter drenado a área há dois anos para construir um novo barracão. Questionado se a lei ambiental não proíbe a drenagem em área de nascentes, afirmou que sim, na maior parte dos casos, e garantiu que vai analisar a situação.

O Samae confirmou o lançamento de resíduos no rio Jacutinga, mas negou que o líquido cause danos ambientais. “Tem resto de detergente mas não acredito que prejudique o rio”, disse o diretor de Saneamento, Alexandre Casagrande.

O chefe regional do IAP em Londrina, Carlos Alberto Hirata, afirmou à reportagem que vai solicitar uma verificação técnica no local antes de se pronunciar. De acordo com Hirata, a aparência da espuma pode sofrer superdimensionamento em razão do baixo volume do rio no período da estiagem.

A promotora do Meio Ambiente em Ibiporã, Revia de Luna, solicitou à Folha cópia das fotos tiradas no local para abrir investigação sobre a denúncia. “Vou verificar se houve infração”, concluiu.

Empresas negam responsabilidade
As empresas instaladas às margens do rio Jacutinga negaram à Folha responsabilidade pelos indícios de poluição verificados pela reportagem e pelos agricultores da região.

O gerente de Qualidade Ambiental da Wyni do Brasil, Gilberto Maldonado, disse que o lodo preto encontrado na mata ciliar abaixo da empresa não tem relação com a degradação do rio Jacutinga. De acordo com Maldonado, o líquido decorre de dreno realizado da empresa para permitir a construção de um barracão e se misturou à matéria orgânica abundante no local.

“Isso não é resíduo industrial, naquele lodo tem até larva de mosquito, o que prova a ausência de contaminação”, afirmou.”A gente tem poço para monitoramento da água e se houvesse algum problema ele iria aparecer.”

Sobre o mau cheiro do local, ele alegou que é resultante da mistura de matéria orgânica e água. Maldonado disse ainda que fez análise de PH do líquido negro encontrado na mata ciliar e constatou um nível adequado. “Deu PH de 6,89, está tudo normal.”

O gerente administrativo do Frigorífico Rainha da Paz, Valdecir Belançon, informou que a unidade entrou em funcionamento há um ano e está passando por processo de licenciamento ambiental.

De acordo com ele, todo efluente lançado no rio Jacutinga passa pela purificação no sistema de represas e tem “qualidade correta para isso”.”Tenho absoluta certeza de que não há poluição. Todo resíduo passa pela caixa de decantação e as fezes dos suínos são peneiradas e coletadas.”

Belançon disse também que os fiscais do IAP já vistoriaram o sistema de controle ambiental e devem emitir um laudo conclusivo em breve. “Nós temos uma consultoria ambiental que elaborou esse sistema e o monitoramento está sendo feito corretamente.”
(Por Fábio Cavazotti, Folha de Londrina, 17/08/2006)
http://www.bonde.com.br/folha/folhad.php?id=19281LINKCHMdt=20060817

desmatamento da amazônia (2116) emissões de gases-estufa (1872) emissões de co2 (1815) impactos mudança climática (1528) chuvas e inundações (1498) biocombustíveis (1416) direitos indígenas (1373) amazônia (1365) terras indígenas (1245) código florestal (1033) transgênicos (911) petrobras (908) desmatamento (906) cop/unfccc (891) etanol (891) hidrelétrica de belo monte (884) sustentabilidade (863) plano climático (836) mst (801) indústria do cigarro (752) extinção de espécies (740) hidrelétricas do rio madeira (727) celulose e papel (725) seca e estiagem (724) vazamento de petróleo (684) raposa serra do sol (683) gestão dos recursos hídricos (678) aracruz/vcp/fibria (678) silvicultura (675) impactos de hidrelétricas (673) gestão de resíduos (673) contaminação com agrotóxicos (627) educação e sustentabilidade (594) abastecimento de água (593) geração de energia (567) cvrd (563) tratamento de esgoto (561) passivos da mineração (555) política ambiental brasil (552) assentamentos reforma agrária (552) trabalho escravo (549) mata atlântica (537) biodiesel (527) conservação da biodiversidade (525) dengue (513) reservas brasileiras de petróleo (512) regularização fundiária (511) rio dos sinos (487) PAC (487) política ambiental dos eua (475) influenza gripe (472) incêndios florestais (471) plano diretor de porto alegre (466) conflito fundiário (452) cana-de-açúcar (451) agricultura familiar (447) transposição do são francisco (445) mercado de carbono (441) amianto (440) projeto orla do guaíba (436) sustentabilidade e capitalismo (429) eucalipto no pampa (427) emissões veiculares (422) zoneamento silvicultura (419) crueldade com animais (415) protocolo de kyoto (412) saúde pública (410) fontes alternativas (406) terremotos (406) agrotóxicos (398) demarcação de terras (394) segurança alimentar (388) exploração de petróleo (388) pesca industrial (388) danos ambientais (381) adaptação à mudança climática (379) passivos dos biocombustíveis (378) sacolas e embalagens plásticas (368) passivos de hidrelétricas (359) eucalipto (359)
- AmbienteJá desde 2001 -