A Bio-Orgânicos do Maranhão (Bioma) vai investir R$ 40 milhões para produzir biodiesel em Porto Franco, no sul do
Maranhão. O projeto inclui 30% de plantio próprio de mamona, uma indústria de esmagamento e produção do biocombustível
e mais sete unidades de recebimento e preparação da mamona.
A operação da usina deverá ser iniciada em maio do próximo ano. A produção anual será de 33 milhões de litros só na
primeira fase do projeto - a meta é dobrar no final de 2008. Além do biocombustível, o projeto inclui a produção de adubo
orgânico e substratos agrícolas.
Cerca de 50% do biodiesel produzido terá como matéria-prima a mamona e o restante a soja, o babaçu e o sebo animal, de
acordo com o diretor-executivo da Bioma, Wady Hadad Neto. Dados da empresa dão conta de que os frigoríficos
maranhenses abatem 26 mil animais por dia no estado, gerando cerca de 500 quilos de sebo por dia. Outra alternativa em
estudo é a semente de algodão.
Na primeira fase do projeto, além do plantio próprio, a Bioma quer envolver 1,5 mil trabalhadores e produtores rurais em Porto
Franco e mais sete municípios interessados no plantio de mamona. Os outros municípios maranhenses previamente
identificados pela empresa são Montes Altos, Amarante do Maranhão, São João do Paraíso, João Lisboa, Buritirana,
Darvinópolis e Senador La Rocque.
A meta é plantar, na safra 2006/2007 (primeira fase do projeto), cerca de 7,5 mil hectares. O plantio deve ser iniciado a partir
de novembro, período recomendado pelo zoneamento agrícola da região. Na safra 2007/2008 - segunda etapa - está previsto
o plantio de mais 12,5 mil hectares.
Para estruturar a cadeia de fornecimento da mamona, a Bioma está atuando em duas frentes. Firmou um convênio com o
Instituto do Agronegócio do Maranhão (Inagro) para realizar o trabalho de localização e identificação de áreas e famílias de
pequenos agricultores, além de fornecer toda a consultoria necessária para se habilitarem ao crédito fundiário por meio do
Programa Nacional da Agricultura Familiar (Pronaf).
No próximo dia 30 a Bioma lançará em Porto Franco o Programa Mamona Maranhão. O objetivo é estimular o plantio de
mamona em 23 municípios do interior do estado para atender à demanda de matéria-prima do biodiesel. O programa será
lançado em um seminário, que em seguida será levado a mais sete cidades da região. "É um seminário para atrair pessoas
interessadas no plantio de mamona na região", explica Hadad Neto.
Aos produtores rurais, a Bioma vai oferecer sementes de mamona desenvolvidas exclusivamente para a empresa pela
Vinema Multióleos Vegetais, no Rio Grande do Sul. A semente já foi testada no Maranhão e alcançou uma produtividade
média de 2,7 mil quilos por hectare - bem acima do volume alcançado por outras na região. De acordo com o projeto, a
empresa também vai assinar contrato que estabelece o preço mínimo para as bagas da mamona e compra da produção.
Criada exclusivamente para desenvolver esse projeto, a Bioma é uma empresa de capital aberto, composta por seis sócios
de São Paulo, do Rio Grande do Sul e do Maranhão. Há dois anos os investidores pesquisavam áreas para instalar o projeto.
O Estado do Maranhão foi escolhido por apresentar condições favoráveis de clima, solo e disponibilidade de terras para a
produção da matéria-prima.
"Acredito que o biodiesel a partir da mamona no momento seja a melhor opção", observa o diretor-presidente da Bioma,
Sérgio Copstein. "Fizemos análise e achamos o Maranhão muito propício, com clima e solo", conta o diretor, enfatizando
que o estado apresentou os melhores rendimentos dos cultivares de mamonas testados pela empresa, além de poder
envolver no plantio a agricultura familiar.
Ao falar das expectativas de mercado, Copstein observou que "o Brasil tem grande necessidade de biodiesel não só para o
transporte, mas também para outras finalidades como o setor industrial", ressalta.
Convênio
A Bioma firmou convênio com a Universidade Federal do Maranhão (UFMA) para ajudar na instalação de um laboratório do
Núcleo de Biodiesel. Os investidores estão doando à universidade R$ 147 mil para instalar o laboratório e pagamento de
pesquisadores.
(Por Franci Monteles,
Gazeta Mercantil , 17/08/2006)