Estação Ecológica do Taim está incomunicável por falta de pagamento do telefone
2006-08-17
O telefone está bloqueado por falta de pagamento, o que deixa a Estação Ecológica do Taim, a
mais importante do Rio Grande do Sul, situada entre Rio Grande e Santa Vitória do Palmar,
isolada do mundo. No caso de alguma ocorrência grave não existe possibilidade de comunicação,
pois lá ninguém tem celular. Já existe funcionário pensando em deixar o posto, pois passa a
semana inteira sem receber notícias da família. Alheias aos problemas enfrentados por quem
trabalha no local, os animais que habitam a reserva nesta época do ano desfrutam do que a
natureza lhes oferece. Neste caso, em abundância.
Quem trafega pela BR-471 pode-se deparar com famílias de capivaras que descansam no banhado.
De vez em quando brincam na água, quebrando o silêncio. Jacarés mais adiante e pássaros que vão
e vêm, completam o cenário. A presença de lontras, uma surpresa para todos, é um bioindicador
de qualidade ambiental, comentou o administrador da unidade, Amauri Sena Mota. A época é de
idas e vindas. Enquanto o cisne-do-pescoço-preto e o marrecão da Patagônia se preparam para ir
embora, são esperados novos "hóspedes", como os maçaricos costeiros.
A oscilação do tempo, negativa para tantos setores, permite o controle dos banhados, que
precisam de ciclagem e, em conseqüência, beneficia as espécies. As chuvas registradas nos
últimos dias serviram para proporcionar acúmulo de água, pois é necessário que haja estoque
antes do começo do verão. A maior preocupação na estação de temperaturas altas é o risco
potencial de incêndio, que todo ano ocorre. Segundo Mota, a instabilidade climática não é um
fator de risco para a reserva. Pelo contrário, é até uma forma de não privilegiar nenhuma
espécie em detrimento de outra, além de proporcionar o controle populacional de algumas.
Obras
Para evitar a entrada de gado na área da reserva de 33.815 hectares, foi colocada cerca em 18
quilômetros à margem do oceano. A Esec também demarcou oito quilômetros no lado da lagoa
Mangueira com bóias amarelas, para facilitar a visualização dos pescadores artesanais.
Telefone
A reportagem do Diário Popular tentou contato com o responsável pelo Ibama em Rio Grande, Paulo
Martins, para falar sobre a falta de comunicação na Esec, mas ele cumpria agenda fora e estava
com o celular desligado. O Taim é ligado ao Ibama, órgão federal.
(Por Tânia Cabistany, Diário de Pelotas, 16/08/2006)
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