Organização calcula o quanto famílias e empresas poluem
2006-08-17
Nos próximos meses, o escritório de advocacia Pinheiro Neto deve iniciar o plantio de 64 mil espécies de árvores nativas da Mata Atlântica, equivalente a uma área de 40 hectares. Essas árvores vão retirar da atmosfera, ao longo de 30 anos, a poluição gerada pelo escritório e seus sócios durante cinco anos. No período, o escritório poderá exibir o selo Neutro em CO2, da ONG The Green Iniciative.
Espécie de versão voluntária do Protocolo de Quioto, a Green Iniciative é uma consultoria ambiental criada no final do ano passado por um grupo de jovens biólogos e engenheiros com o objetivo de contribuir com as metas globais de redução de emissão de carbono e incentivar programas de reflorestamento. "Juntamos o benefício global de prevenção de mudanças climáticas com o benefício local de preservação da biodiversidade", afirma o diretor de Meio Ambiente da Green Iniciative, Roberto Strumpf.
O trabalho da consultoria, uma organização da sociedade civil de interesse público (oscip), é calcular as emissões - medindo consumo de energia, uso de automóveis e aviões, entre outros - e encontrar áreas que necessitem ser reflorestadas.
Qualquer um pode compensar suas emissões de carbono. Uma família de classe média, por exemplo, com dois filhos e dois carros, precisaria plantar 63 árvores por ano. Uma multinacional como a Unilever, que emite por ano 3,6 milhões de toneladas de CO2, precisaria plantar 20 milhões de árvores ao ano - o suficiente para preencher nada menos que 26.666 campos de futebol.
O banco Itaú, única empresa brasileira a tornar públicas suas emissões de carbono, precisa de 841.666 árvores por ano.
Para popularizar a idéia, o site thegreeniniciative.com traz uma calculadora que permite a qualquer um mensurar seu impacto na natureza. "Quem quiser pode plantar árvores no quintal", diz Strumpf. Além de projetos para empresas, o certificado de livre de carbono pode ser emitido para livros, Cds e até mesmo conferências, como ocorreu com a Convenção sobre Biodiversidade da ONU, no Paraná.
O custo do projeto do Pinheiro Neto é estimado em R$ 50 mil. "Vamos plantar nossas árvores nas margens de reservatórios de hidrelétricas, recuperando matas ciliares","afirma o sócio da área de Meio Ambiente do escritório, Werner Grau.
Custo da terra limita projetos de reflorestamento
Um dos maiores entraves a projetos de reflorestamento é o custo da terra. "Se tivéssemos que comprar a terra para plantar os 40 hectares seria inviável", afirma o diretor de Meio Ambiente do Pinheiro Neto, Werner Grau. A proposta de reflorestamento voluntário da Green Iniciative permite baratear os custos na medida em que usa áreas de proteção permanente do Estado ou de propriedade privada inscritas em programas de reflorestamento. Só no Estado de São Paulo, há mais de um milhão de hectares de mata ciliar (nas margens de rios) que precisa ser reflorestada aguardando financiamento.
(Por Mariana Barbosa, O Estado de S. Paulo, 16/08/2006)
http://www.estado.com.br/editorias/2006/08/16/eco-1.93.4.20060816.51.1.xml