A Cargill do Brasil deve investir R$ 59 milhões até 2010 para completar os seus investimentos em florestas renováveis para a produção de energia. “O eucalipto cultivado é usado principalmente como combustível na secagem de soja”, explica o diretor industrial da Cargill, Wilson Santi.
Atualmente, cinco unidades da empresa já utilizam biomassa a partir de florestas plantadas. As unidades estão nos Estados de Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul, Paraná e Bahia.
Hoje, a Cargill só tem uma unidade que não opera com biomassa, situada em Mairinque (SP) e que é totalmente movida a gás. “O aumento no preço do gás impactou os custos com energia na unidade paulista da empresa”, afirma o diretor.
Segundo ele, caso o gás se torne inviável, a unidade funcionará com óleo, pois no local não é possível usar biomassa.
Na Cargill, cerca de 25% do combustível utilizado é fóssil, informa a empresa. “Mesmo com as oscilações dos preços da madeira, o combustível fóssil ainda é muito mais oneroso para empresa”, explica Santi. Segundo ele, a meta da empresa é substituir gradativamente a energia não renovável pela renovável, acompanhando uma tendência mundial.
Santi diz ainda que a economia de energia nas unidades é uma meta constante, perseguida por toda a organização. Na unidade de Ponta Grossa, no Paraná, a Cargill só utiliza resíduos de madeira (cavacos) e não há planos de trabalhar com florestas plantadas.
Imperfeições
O diretor industrial da Cargill explica que para utilizar biomassa nas unidades da empresa é necessário equipá-las para trabalhar com a nova energia. “Nas unidades que utilizam a biomassa, foram investidos de R$ 6, 4 milhões a R$ 8,5 milhões. A única exceção é a unidade de Rio Verde (GO), que já foi construída para utilizar a biomassa”, diz o diretor.
Além de exigir capital para a transformação da unidade, a empresa afirma que a biomassa apresenta variáveis nem sempre positivas. “A biomassa é um combustível irregular, pois muitas vezes apresenta alta umidade”, diz Santi. No caso das florestas, a empresa tem de gerenciar riscos como incêndio e roubo.
Produção
Wilson Santi também explica que hoje mais de um milhão de árvores são plantadas por ano em parceria com proprietários integrados. “Temos uma equipe de engenheiros florestais e produtores de mudas para cuidar das florestas”, afirma ele.
A Cargill arrenda toda a terra que utiliza para o plantio do eucalipto. “A idéia é estimular a fixação das populações rurais, ao propiciar a geração de renda no campo”, informa a empresa. Santi acrescenta que “as terras são arrendadas com base na quantidade de madeira que será produzida”. O diretor industrial conta que a necessidade de energia na Cargill é muito grande, principalmente na unidade de Uberlândia (MG), onde existem três fábricas com consumo de 150 toneladas de vapor por hora. As outras unidades já utilizam energia a partir da biomassa em escala menor, diz o diretor.
A Cargill compra, comercializa, exporta e processa grãos. A estrutura de comercialização de oleaginosas é integrada por terminais portuários, unidades de processamento, armazéns e unidades de compra. Há mais de 120 unidades de compra de soja distribuídas por todo o Brasil, seis fábricas e operação em seis terminais portuários, dos quais quatro possuem instalações próprias.
A empresa conta com 16 mil funcionários. O faturamento da empresa em 2005 foi de R$ 13,1 bilhão, o que significa um aumento de 6,43% em relação ao ano anterior. O volume total de produtos processados e comercializados no ano passado foi de aproximadamente 14 milhões de toneladas.
A empresa é também a maior negociadora de açúcar no mercado mundial, além de ser a maior exportadora de açúcar brasileiro. A Cargill opera no País no Terminal de Exportação de Açúcar do Guarujá, que é fruto da associação com a Sociedade Operadora Portuária de São Paulo, por meio de seu acionista majoritário, o Grupo Crystalsev.
Há cerca de três anos, foi criado, no Porto de Santos o Terminal de Exportação de Açúcar Ensacado, também através da associação com a Crystalsev.
A Cargill é uma multinacional norte-americana fundada em 1865 por W.W. Cargill, no estado de Iowa. Atualmente a empresa comercializa, processa e distribui produtos agrícolas, alimentícios, financeiros e industriais no mundo inteiro, em 60 países.
(Por Rita Gallo,
DCI - Diário Comércio e Indústria, 16/08/2006)