TCE prepara auditoria no aterro da central de lixo da Roselândia, em Novo Hamburgo, para investigar irregularidades
2006-08-16
A partir de denúncia encaminhada pelo ex-secretário municipal de Meio Ambiente de Novo Hamburgo e atual diretor-técnico
da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), Jackson Müller, o Ministério Público Especial (MPE), órgão ligado
ao Tribunal de Contas do Estado (TCE), promoverá uma auditoria para investigar supostas irregularidades na gestão da
Central de Reciclagem de Resíduos Sólidos Urbanos do bairro Roselândia, em Novo Hamburgo, interditada em 19 de maio do
ano passado. Desde a interdição do aterro, o lixo residencial da cidade está sendo enviado para Minas do Leão. Müller diz
que não denunciou a situação, apenas encaminhou cópia de reportagens da imprensa sobre o caso. A atual secretária
hamburguense de Meio Ambiente, Margô Guadalupe Antônio, disse não ter conhecimento oficial da ação do TCE.
O MPE, porém, segundo o procurador-geral do órgão, Cezar Miola, recebeu Müller e sua advogada, Tânia Jungbluth, em 10
de julho, que teriam apresentado um dossiê sobre supostos problemas na gestão do aterro e denúncia contra a administração
hamburguense. Conforme ele, os dois pediram investigações porque determinadas medidas para manutenção do aterro não
haviam sido tomadas, provocando prejuízos para o Município, que teriam resultado, inclusive, em autuação e multa por parte
da Fepam. Ao TCE, de acordo com Miola, os denunciantes afirmaram que a má gestão do aterro teria provocado gasto
adicional de mais de R$ 2,3 milhões entre agosto do ano passado e meio deste ano — o custo de levar o lixo até outra
cidade. O problema vem sendo acompanhado pelo Jornal NH desde a interdição, em maio do ano passado.
SUGESTÃO - Margô diz desconhecer que a Fepam tenha notificado a Prefeitura em maio de 2006, conforme a denúncia.
Segundo ela, a opção por levar o lixo para Minas do Leão foi sugerida pela própria Fepam. “Depois da interdição, a Fepam
disse que o único aterro em condições de atender Novo Hamburgo era o de Minas do Leão”, declarou. Ainda conforme Margô,
a outra parte do problema diz respeito à recuperação do depósito hamburguense. E nesta, adianta, a Prefeitura estaria em
dia, pois o projeto de recuperação já teria sido enviado para a Fepam, em 7 de julho de 2006. “Falta a Fepam manifestar-se
sobre nosso projeto”, afirmou. Nesta proposta, uma série de medidas de recuperação estariam previstas, além da construção
de dois valos que permitiriam ampliar a área e reutilizar o aterro. O orçamento para a obra será de cerca de R$ 7 milhões.
Miola afirmou que o MPE encaminhou à Direção de Controle e Fiscalização do TCE um pedido de auditoria na situação e no
contrato da Prefeitura para destinar o lixo a Minas do Leão. “É uma medida de cautela. Recebemos muitas informações e
denúncias sobre os mais variados temas. Solicitamos que se verifique”, disse Miola. O procurador-geral ressalta que uma
medida interna do TCE vem dando prioridade aos contratos de recolhimento de lixo na hora de realizar as averiguações de
rotina nas prefeituras.
De acordo com Margô, os gastos com a coleta e destinação do lixo variam entre R$ 160 mil e R$ 180 mil ao mês. Ela
afirmou que o Município está analisando a viabilidade da construção de um novo aterro em alguns locais, pois desde o final
de 2004, na gestão do então secretário Jackson Müller, a Fepam havia manifestado que a Central de Reciclagem da
Roselândia estava no fim de sua vida útil.
(Jornal NH, 16/08/2006)
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